Do prof. e filósofo da UFC, Manfredo Oliveira (foto). Artigo indicado por Airton de Farias: "As grandes manifestações em todo o País a partir da sexta-feira, 28.4., de alguma forma levantaram a questão da compreensão dos rumos atuais de nosso País. Neste contexto uma pergunta se fez inevitável. É o que exprimiu o economista Gerson Gomes: 'A proposta do atual governo de aprofundar as políticas pró-mercado e intensificar a integração passiva do Brasil na economia global resolve a crise e contribui à retomada do processo de desenvolvimento?' Esta expressão pressupõe o trabalho interpretativo da situação que vem sendo articulado por muitos cientistas sociais e que ele resume no seguinte: trata-se de um regresso ao ideário neoliberal aplicado no Brasil no período 1990/2002. Isso implica a abertura de novas fontes de expansão para o capital e o deslocamento do eixo da acumulação para os investimentos externos. Um mecanismo é a remoção unilateral das barreiras e normas dos investimentos e do comércio externo. O pressuposto é que a atração de investimentos externos dinamiza o processo de investimento e consequentemente gera novo ciclo de desenvolvimento. Ora, lembra P. Kilass, o investimento produtivo entre nós foi reduzido a níveis mínimos incapazes de sustentar qualquer ritmo de recuperação da atividade (veja-se a recessão profunda e os 14 milhões de desempregados). O Brasil se acostumou com elevados níveis de remuneração financeira que desestimularam o investimento do setor privado. Além de comprometer seriamente os recursos do orçamento com as despesas dos juros da dívida pública, o patamar campeão dos juros liquidou a atividade do setor real da economia. Isso é o resultado da dominância absoluta do sistema financeiro. Um segundo elemento do projeto para G. Delgado é a desconstrução constitucional das salvaguardas de garantia de direitos sociais: educação, saúde, previdência, assistência etc. e a própria provisão de bens públicos durante 20 anos. Isso é o grande instrumento para a redução do Custo Brasil, diz Gomes, especialmente no que diz respeito aos custos salariais e à regulação do mercado de trabalho: significa o desmonte dos resquícios do Estado de Bem-Estar Social do Brasil apresentado como condição necessária para a retomada do crescimento e do emprego. Vinculada a isso está a desarticulação das organizações sindicais e dos movimentos sociais para “despolitizar” sua atuação e reduzir seu poder de negociação por meio de mudanças radicais na legislação trabalhista e intensificação de medidas repressivas. Neste pacote não poderia faltar a cláusula pétrea do neoliberalismo: eliminar as formas de intervenção do Estado na economia que não se orientam ao fortalecimento do mercado, consolidação dos interesses do capital e à ampliação da abertura comercial e financeira. O papa Francisco, em sua carta ao presidente em que recusou o convite para visitar o Brasil, com muita lucidez apontou para onde caminha este processo: 'Não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo os mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira'."
TEM PONTO DE LIXO em Fortaleza que se fosse uma pessoa já andaria de bengala. Conheço um na rua Leon Gradvhol (Maraponga) que está lá desde que o cafute era menino e andava de calças curtas!