Enquanto técnicos, políticos, pesquisadores, governos e empresários têm voz ativa em discussões que vão do currículo à formação docente, quem está 'na ponta', ou seja, na sala de aula, não aparece. Mas qual a explicação para essa ausência?
Na busca por uma resposta, a jornalista Fernanda Campagnucci encontrou várias durante pesquisa de mestrado que finaliza na USP. 'Existe uma configuração desfavorável para que os professores participem do debate público sobre educação, e isso leva ao silêncio dos docentes', explica ela, que é editora do Observatório da Educação, boletim da ONG Ação Educativa.
Essa configuração citada por Fernanda se constrói com base em um processo em que se articulam fatores como o papel do professor na sociedade, representações que circulam no imaginário social, como o despreparo dos docentes, e também a existência de mecanismos administrativos e burocráticos que tolhem a liberdade de expressão.
Professor da rede estadual de São Paulo em Piracicaba, no interior, Fabio Laismann, de 42 anos, é contundente: 'Quem se posiciona tem problemas', diz ele. 'Mas ainda assim prefiro não ficar neutro.' Laismann afirma que se posicionar na imprensa ou mesmo dentro das escolas não é uma cultura bem-vinda no ambiente. 'Quando tem opinião, o professor perde espaço, sofre coação e fica visado.' (...)."
(Site Vozes da Educação)