No nosso belo e majestoso Brasil, pelo visto, a justiça é meio vesga. A justiça brasileira em cada processo tem uma visão distorcida. A 'bela deusa' tem os olhos vendados para não enxergar as distorções processuais existentes... Iniciamos com essa metáfora para compreendermos um caso inusitado que apresentou um peso e duas medidas: Há quatro meses uma estudante universitária se envolveu em um acidente automobilístico que resultou no óbito de três pessoas. Como foi presa em flagrante e no rigor da lei, passou quatro meses no presídio feminino, sendo-lhe negado pedido de habeas corpus e irá a júri popular por se constituir um crime doloso (e com qualificadoras!), ou seja, com intenção de matar (motivo torpe).
  No Rio de Janeiro, na mesma época, aconteceu um acidente praticamente nas mesmas condições. Uma pessoa foi atropelada e morta por um veículo em alta velocidade. O jovem atropelador não foi preso por nem um dia e não será julgado por meio de júri popular. O seu crime foi considerado culposo -  quando não há a intenção de matar.
   Analisando estes dois casos fatídicos, temos:
  * A marca do veículo: popular x de luxo importado;
 * Advogado de defesa: porta de cadeia x ex-ministro;
  * Filiação: um da Silva qualquer x  um dos cinquenta mais ricos do mundo.
  Conclusão: A lei brasileira é severa para as pessoas de pouco poder econômico e benevolente (no mínimo maleável) com os 'ricos poderosos'. Uma prova disso foi a resposta do pai do playboy em questão, ao ser indagado acerca da contratação do advogado de defesa: 'E daí? Contratei o melhor'...
  O Brasil é um país com desigualdade em todos os sentidos. Querer justificar programas compensatórios para solucionar estas disparidades está muito longe da solução!
  A constituição brasileira diz: 'Todos são iguais perante a Lei'. Se assim é, então pergunto: que igualdade é essa, se o poder econômico é um fator decisivo nas análises processuais? Donde concluo que a 'miopia' brasileira é decorrente do quarto poder (ECONÔMICO). Esse é que decide para onde o peso da balança - da justiça - penderá.'

  (Carlos Teles)