segunda-feira, 14 de novembro de 2011

REFLEXÃO NO MEIO DA NOITE...

"Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo." (Paulo Francis)

  COLABORAÇÃO:  MANUEL DE JESUS

SEM PARELHAS!

  O branco nos parece mais branco, diante do preto. O florido das plantas nos parece mais belo em meio ao verde farto. O sorriso nos parece imbatível, diante da dor. A bondade das pessoas nos conquista, frente à ruindade de muitos... Na Política está difícil comparar Zé com Cazuza! Está tudo muito ruim! Igualmente ruim! Comparar quem com quem!?

Publicado no Blogue do Egídio Serpa, do DN

  "Leitora deste Blogue, a Professora Célia Bernardo postou este comentário, que, pelo conteúdo e oportunidade, ganha este espaço:
 'Chamo-me a atenção e chamo a atenção de todos os que terão acesso à informação sobre o ABANDONO ESCOLAR, nas salas de ensino médio, no Ceará.
 Amigos, são 43 mil adolescentes e jovens que preferiram outros rumos à escola. Na minha e na sua cabeça, deixemo-nos incorporar o dado e aí eu me questiono: que rumos tomaram estes 43 mil alunos? Onde estarão, com quem estarão e o que estão fazendo.
  Arrisco-me a dizer que uns poucos se inseriram, não no mercado de trabalho, mas em alguns locais, fazendo os chamados ‘bicos’, em que comem um pão com gosto de dor, porque vale mais que um salário digno.
  Muitos estão no anonimato, desconstruindo seus caminhos, desfazendo seus sonhos, sem nenhuma perspectiva de VIDA.
  Há ainda os que perderam a referência de seus locais e, a esmo, buscam outros lugares.
  O certo é que só são referências nos dados frios, duros das pesquisas que simplesmente comprovam que a EDUCAÇÃO, neste país, nunca será PRIORIDADE.
  Está aí a prova real em que 43 mil jovens cearenses comem um pão com gosto de FEL, porque é a perda irreparável do grão de trigo que este País perdeu.
  Eu, Professora Célia Bernardo, sinto-me ENLUTADA PELA ORFANDADE INTELECTUAL de tantos milhares de jovens.
  É claro que não cabe nos comentários desta página. Mas não divulgar para comentários, com a força que tem a imprensa, é uma forma de conforto ou de PECAR CONSCIENTE POR OMISSÃO.
  Eu lhe agradeço e até lhe peço desculpas, porque entro nos seus espaços, com muita indignação, mas é justamente porque o desconforto, pela seriedade com que trabalho, não me permite calar'.
  A Professora Célia Bernard tem razão."

FANTASIA E EMBUSTE!

   Roberto Pessoa está na TV, mostrando o Maracanaú que ele pintou com as tintas da própria algibeira, pra chamar de seu. E o município (REAL) destroçado. Literalmente!

GERAÇÃO DO MEDO



   Acho que sou da geração do medo. Qualquer coisa que fazíamos quando pequenos, nos obrigava a ouvir o brado:
  - Não tem medo dos castigos de Deus?
  Um dia, ao ver o tempo fechado, bonito pra chover, cheguei a dizer:
  - Ih, tá pretinho!
   Uma mulher que nos ajudava em casa, ralhou:
  - Nunca diga isso! Um dia uma moça do Saco disse isso e uma voz falou do além: "Mais preta tá tua alma no inferno!"

 Tremi feito vara verde! Comer rapadura com farinha não podia. Água com rapadura, também não! - Isso é pecado! Dos pecados o que mais temia era os "mortais"! Esses levavam o sujeito direto pros quintos! Naqueles tempos éramos "politeístas", em matéria de inferno e de cavar buracos de medo, sob os pés dos outros, notadamente, das crianças. O cão nos era empurrado como fute, cafute, demônio, capitoro, satanás, belzebu, capeta,... Ainda hoje tenho medo dos tempos em que fomos condicionados a ter medo até de ter medo!

SAUDADES DO PAPAI...


ONZE ANOS SEM TE VER

MEU PAI QUANTA SAUDADE
HOJE EU SINTO DE VOCÊ
UMA DOR MEU PEITO INVADE
POR ONZE ANOS SEM TE VER
DESDE QUE PARTIU PRO CÉU
EU FIQUEI SEM MEU TROFÉU
HOJE O GUARDO NO CORAÇÃO
QUE NA VIDA APRENDI A AMAR
QUEM ME ENSINOU A CAMINHAR
COM CARINHO E MUITA AFEIÇÃO

TODOS OS TEUS ENSINAMENTOS
ELES ESTÃO SEMPRE COMIGO
COMO LEMBRO! NOSSOS MOMENTOS
MEU GRANDE VELHO, PAI MEU AMIGO
FOSTES TU MINHA IMENSA RIQUEZA
NA POBREZA TODA SUA NOBREZA
DE UM HOMEM ÍNTEGRO E LEAL
SAIBA, CADA SUA LIÇÃO DE VIDA
EM MEU CORAÇÃO FOI ACOLHIDA
NA LUTA DO BEM, CONTRA O MAL

PAI A VOCÊ QUE HOJE É LUZ
QUE VIROU SAUDADE TERRENA
AGORA NA MORADA DE JESUS
VIVE A PAZ, LINDA E SERENA
SEI QUE ESTAIS ROGANDO A DEUS
SEMPRE POR NÓS, OS FILHOS TEUS
CONFORTANDO OS CORAÇÕES
DOS QUE AMARGAM A TUA AUSÊNCIA
POR NOSSA DOR PEÇA CLEMÊNCIA
SEMPRE EM SUAS ORAÇÕES

FOI EM QUATORZE DE NOVEMBRO
EXATAMENTE ANO DOIS MIL
ESTA DATA EU SEMPRE LEMBRO
NELA O MEU PAPAI PARTIU
PARA O ÚNICO DESTINO CERTO
FOI PRA DEUS, SEU ADALBERTO
HOJE MEU PEITO, MUITO DÓI
COM SAUDADE DE UM HERÓI
HOMEM BRAVO E DE VALOR
BETINHO, FIGURA QUERIDA
A QUEM RESPEITEI NESSA VIDA
POR QUEM É, INFINITO MEU AMOR


  (Pedro Sampaio, radialista do Grupo Cidade e poeta) 


  Na foto, o saudoso pai e o poeta entristecido. No detalhe da camiseta de dentro de Pedro Sampaio, o respeito por Luiz Gonzaga.

VERDADE SERTANEJA



   O sertanejo pode ter todos os defeitos, mas geralmente é sincero e diz o que pensa! Um deles estava numa bodega, quando um outro quis lhe tirar a palavra. O matuto foi cruel como os cortes de navalha: - Não lembro de ter batido à sua porta atrás de caldo de feijão! Se vivo às minhas custas...
  O sujeito que ouviu esta, tomou a última relhada e sumiu na manga de cerca!

BORBULHOU!

   Na mais recente entrevista Fagner tirou o pé, quando falou de Ricardo Teixeira! Literalmente! Quem manja um pouquinho do velho pebol, entende direitinho o que estou tentando dizer...

TWUITTADAS ALHEIAS, À BOCA DA NOITE

  Iran Ribeiro, empresário cearense 
  "Marcha Contra Corrupção de Fortaleza - Amanhã - 15/11/2011, às 15:00. Concentração no Centro Cultural Dragão do Mar."
  Ismael Furtado, Professor cearense



  "Fagner diz 'que Lula foi cafajeste e Ciro, otário.' Engana-se o único tucano que canta. Ciro foi vítima de sua própria desmedida ambição."

UM BOM TEXTO EM TRÊS TEMPOS: EDUARDO GALEANO EM "Caí no Mundo e Não Sei Voltar"



  O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…
Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.
  E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!
  Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso.
  Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.
  O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os aparelhos de som uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades. (...)

  (Colaboração: Fernando Deda) 

  Imagem Ilustrativa do Google Imagens

UM BOM TEXTO EM TRÊS TEMPOS: EDUARDO GALEANO EM "Caí no Mundo e Não Sei Voltar"

  (...) Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez. Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!
  É mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça.
  E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que havia em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.
  Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar. Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica.
  Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? O afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?
  Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade.
  Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de … anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava..
  Desse tempo venho eu. E não que tenha sido melhor…. É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com “guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa”, mudar para o “compre e jogue fora que já vem um novo modelo”.
  Troca-se de carro a cada três anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado… E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas… por amor de Deus!
  Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real.
  E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.
  Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (porque éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô.
Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular há poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas?
  Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos…
  Como guardávamos!! Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê? Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola.
  Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis.
  E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave.
  E as pilhas! As pilhas dos primeiros rádios Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais.
Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis.
  Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisa para enrolar.
  Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia "esta é um 4 de copas".
  As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo. (...)

  (Uma colaboração do Prof. Fernando Deda, de Coreaú)

UM BOM TEXTO EM TRÊS TEMPOS - "Caí no Mundo e Não Sei Voltar"

   Coluna de Eduardo Galeano. Uma indicação de Fernando Deda

  "(...) Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!!

  E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.

  E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!!

  Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas.

  Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer.

Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno.

Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.

Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue…"

   Leonardo Boff
   Em razão do meu “ciganismo intelectual” falando em muitos lugares e ambientes sobre um sem-número de temas que vão da espiritualidade à responsabilidade socioambiental, e até sobre a possibilidade do fim de nossa espécie, os organizadores, por deferência, costumam me convidar para um bom restaurante da cidade. Lógico, guardo a boa tradição franciscana e celebro os pratos com comentários laudatórios. Mas me sobra sempre pequeno amargor na boca, impedindo que o comer seja uma celebração. Lembro que a maioria das pessoas amigas não podem desfrutar destas comidas e  especialmente os milhões e milhões de famintos do mundo. Parece-me que lhes estou roubando a comida da boca. Como celebrar a generosidade dos amigos e da Mãe Terra  se, nas palavras de  Gandhi, “a fome é um insulto e a forma de violência mais assassina que existe”?  
      É neste contexto que me vêm à mente como consolo os botecos. Gosto de frequentá-los, pois aí posso comer sem má consciência. Eles se encontram em todo mundo, também nas comunidades pobres nas quais, por anos, trabalhei. Aí se vive uma real democracia: o boteco, ou o pé-sujo (o boteco de pessoas com menos poder aquisitivo), acolhe todo mundo. Pode-se encontrar lá tomando seu chope um professor universitário ao lado de um peão da construção civil, um ator de teatro na mesa com um malandro, até com um bêbado tomando seu traguinho. É só chegar, ir sentando e logo  gritar: “Me traga um chope estupidamente gelado”.  
         O boteco é mais que seu visual, com  azulejos de cores fortes, com  o santo protetor na parede, geralmente um Santo Antônio com o Menino Jesus, o símbolo do time de estimação e as propagandas coloridas de bebidas. O boteco é um estado de espírito, o lugar de encontro com os amigos e os vizinhos, da conversa fiada, da discussão sobre o último jogo de futebol, dos comentários da novela preferida, da crítica aos políticos e dos palavrões bem merecidos contra os corruptos. Todos logo se enturmam num espírito comunitário em estado nascente. Aqui ninguém é rico ou pobre. É simplesmente gente que se expressa como gente, usando a gíria popular. Há muito humor, piadas e bravatas. Às vezes, como em Minas, se improvisa até uma cantoria que alguém acompanha ao violão.  
         Ninguém repara nas condições gerais do balcão ou das mesinhas. O importante é que o copo esteja bem lavado e sem gordura, senão estraga o colarinho cremoso do chope que deve ter uns três dedos. Ninguém se incomoda com o chão e o estado do banheiro. Os nomes dos botecos são os mais diversos, dependendo da região do país. Pode ser a Adega da Velha, o Bar do Sacha, o boteco do Seo Gomes, o Bar do Giba, o Botequim do Joia, o Pavão Azul, a Confraria do Bode Cheiroso, a Casa Cheia e outros. Belo Horizonte é a cidade que  mais botecos possui, realizando até, cada ano, um concurso da melhor comida de boteco.  
       Os pratos também são variados, geralmente, elaborados a partir de receitas caseiras e regionais: a carne de sol do Nordeste, a carne de porco e o tutu de Minas. Os nomes são ingeniosos: “mexidoido chapado”, “porconóbis de sabugosa”, “costela de Adão” (costelinha de porco com mandioca), “torresminho de barriga”. Há um prato que aprecio sobremaneira, oferecido no Mercado Central de Belo Horizonte e que foi premiado num dos concursos: “bife de fígado acebolado com jiló”. Se depender de mim, este prato deverá constar no menu do banquete do Reino dos Céus que o Pai celeste vai oferecer aos bem-aventurados. 
        Se bem repararmos, o boteco desempenha uma função cidadã: dá aos frequentadores, especialmente aos mais assíduos, o sentimento de pertença à cidade ou ao bairro. Não havendo outros lugares de entretenimento  e de lazer, permite que as pessoas se encontrem, esqueçam seu status social e vivam uma igualdade, geralmente, negada no cotidiano.  
       Para mim, o boteco é uma metáfora da comensalidade sonhada por Jesus, lugar onde todos podem sentar à mesa e celebrar o convívio fraterno e fazer do comer uma comunhão. Para mim, também, é o lugar onde posso comer sem má consciência. Dedico este texto ao cartunista e amigo Jaguar, que aprecia botecos.
      INDICAÇÃO: ELITON MENESES

NÓS NO RÁDIO!



    Conversamos agora há pouco, no ar, com a apresentadora Alexandra Souza, da Rádio O Povo/ CBN. Obrigado a ela por tornar possível a difusão de nossas singelas ideias sobre formação de leitores. Na foto, Alexandra (à esquerda) aparece com convidados de outro momento do programa (Revista O Povo/ CBN) e a produtora Meirelene Freitas (em pé).

ERROS DA ESCOLA II

   No interior de São Paulo uma Professora passou como tarefa de casa a marcação de um encontro da aluna com um pedófilo, via internet. A menina (de 12 anos) deveria marcar um local, para que pudesse escontrar-se com o sujeito, para os devidos registros. Está no G1. Despreparo!

ERROS DA ESCOLA

  
  Horrorosa essa forma de abreviar Professor com um "Profo.", num masculino forçado à Professora (Profa.). Professora termina com "a"; Professor por sua vez tem "r" no seu final. E o pior de tudo: um equívoco crasso reproduzido pela escola! Por que não "Prof."?
   Se a moda pega, em breve teremos doutor (drº.) e doutora (drª.).

"CADA MACACO NO SEU GALHO!"



   Até gosto do posicionamento político dos grandes artistas, que acompanho. Desagrada-me a dissimulação de alguns. No entanto, o exagero... A última entrevista de Fagner poderia ter sido evitada. Prefiro o Raimundo de Orós cantando "Canteiros".

O AMOR TEM QUE SER ESCONDIDO!

  Vi hoje em frente ao rico Maraponga Mart Moda um bom carro, com os dizeres: "Meus Filhos, Minha Vida ...". Depois disso, vinha o nome dos dois herdeiros (as) do (a) proprietário (a) do veículo. Talvez, inconscientemente, a pessoa não saiba que está correndo perigo. Por aqui é normal os tais sequestros-relâmpagos. O amor publicizado aos filhos pode (ou não) gerar a cobiça de desalmados marginais. Na dúvida... eu optaria por dizer do meu amor... no pé da orelha...

OLHA O VELHO AÍ! À SOMBRA DO ESTADO LETÁRGICO, ELE CONSEGUE TER VIDA LONGA!

  "Jovem é preso com 96 frascos de lança-perfume, a caminho de Sobral". (Jangadeiro Online)

ALFABETIZAR É PRECISO!

 
No Dia Nacional da Alfabetização, parabéns aos Professores Alfabetizadores, que alfabetizam nossas crianças e aos que realfabetizam 28.000 analfabetos funcionais, que (ainda) existem, num País em que apenas 2% dos jovens querem ser Professores. Infelizmente!

"CÍCERO AGAAARRA A MARICOTA!"

  O bordão era do locutor José Maria Félix, na Rádio Educadora do Nordeste de Sobral, "a emissora da família católica sobralense", nos meus tempos de Araquém, e depois, Coreaú (sede). Zé Maria dividia minha predileção com o magistral Jorge Curi, da Globo Rio (ainda não conhecia Gomes Farias). Cícero era o goleiro do Guarany da Sobral. Hoje, sei pelo RM no Foco, que Zé Maria partiu desta vida. Ele que, ultimanente, vinha sofrendo ataques impiedosos de quem não simpatizava com suas ideias políticas. Como não as conheço, nem quero entrar no mérito, só desejo que ele descanse em paz... Félix lutou muito pelo futebol da Zona Norte! Que reconheçam isso!

DUAS EM UMA

1. Revelações: preconceito, misoginia, xenofobia, ódio... e vem mais por aí. Nessas eleições, esgoto vai ser fichinha!; 2. Como já falei aqu...