"Quem está acompanhando a Copa América vivenciou a expectativa negativa sobre a seleção brasileira. Infelizmente ninguém fala, critica ou sugere um novo modelo de jogador para a equipe canarinha. Na concentração, o ambiente não é de uma seleção brasileira e sim um desfile constante de celebridades. O futebol cedeu lugar a luxúria, ao glamour e ao exibicionismo.
Neymar, a mais nova celebridade construída pela imprensa paulista, é acompanhado por seis seguranças, um assessor de marketing e um jornalista que faz o papel de seu porta voz. Quando passa, os gorilas dão sempre um chega pra lá na imprensa. Quem tenta furar o bloqueio pode entrar na porrada.
Estive com a seleção e vi de perto todo esse cenário deplorável entre jogadores que têm fama, graças ao passado e não ao presente. O Brasil não produz mais nada em termos de atletas profissionais. A mídia tem criado falsas celebridades. A derrota para o Paraguai demonstra a queda livre do nível do nosso futebol. A seleção não pode ganhar todas, mas não vencer os paraguaios durante a Copa América foi uma dose de realidade para os jogadores medíocres, para o torcedor e para a imprensa dominada pela grana dos grandes patrocinadores.
A seleção brasileira para melhorar precisa de uma faxina moral e um choque de ética. A CBF teria que mudar a visão capitalista que está praticando e introduzindo também nos jogadores. A camisa verde e amarela não tem mais espaço para o brasão da nossa pátria, está cheia de marcas de grandes empresas que acabaram sujando a bandeira do nosso país e estragando o que tínhamos de bom, o futebol."
(Texto do jornalista e comandante da TV Diário, Roberto Moreira. O título é nosso.)