domingo, 4 de abril de 2021

TEMPO SERTANEJO

 𝗗𝗮 𝗷𝗮𝗻𝗲𝗹𝗮 𝗱á 𝗽𝗿𝗮 𝗼𝘂𝘃𝗶𝗿/𝗔 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗿𝗮𝗱𝗮 𝗹𝗼𝘂çã/𝗤𝘂𝗲 𝘀𝗲 𝗺𝗮𝗻𝗶𝗳𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗿á𝗽𝗶𝗱𝗼/𝗟𝗼𝗴𝗼 𝗰𝗲𝗱𝗼 𝗱𝗮 𝗺𝗮𝗻𝗵ã/𝗔 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗲𝘇𝗮 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗶𝗱𝗮/𝗘 𝗲𝘂 𝘃𝗼𝘂 𝘃𝗲𝗿 𝗮 𝘁𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗰𝗵ã!//𝗟𝗼𝗴𝗼 𝗰𝗲𝗱𝗼, 𝗮 𝗰𝗮𝗻𝘁𝗼𝗿𝗶𝗮/𝗗𝗼𝘀 𝘀𝗮𝗯𝗶á𝘀 𝗲 𝗽𝗮𝗿𝗱𝗮𝗶𝘀/𝗔 𝗰𝗼𝗯𝗿𝗮 𝗷𝘂𝗱𝗲𝗶𝗮 𝘂𝗺 𝘀𝗮𝗽𝗼/𝗗𝗲 𝗹𝗼𝗻𝗴𝗲 𝘀𝗲 𝗼𝘂𝘃𝗲 𝗼𝘀 "𝗮𝗶𝘀"/𝗣𝗼𝗶𝘀 𝗲𝘂 𝘃𝗼𝘂 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿 𝗰𝗼𝗺 𝗲𝗹𝗮/𝗠𝗲𝗿𝗲𝗻𝗱𝗮 (𝗲𝗹𝗮) 𝗻ã𝗼 𝘁𝗲𝗺 𝗺𝗮𝗶𝘀!

ANÁLISE

 "O último coronel

No Ceará, talvez mais que no resto do País, impera um incômodo silêncio sobre a ditadura. Se poucos falam dos crimes do regime, também, por outro lado, são raros os que se levantam para celebrá-lo. Isso, talvez, se deva à melancolia que marcou o fim da ditadura, com o Ceará quase quebrado, em meio ao caos social, econômico e administrativo. E também à vitória de Tasso Jereissati, nas eleições de 1986, atacando as 'forças do atraso', então, no poder, os chamados coronéis: César Cals, Virgílio Távora e Adauto Bezerra.
Desde o AI-3, de 1966, as eleições dos governos estaduais eram indiretas, feitas pelas assembleias legislativas. Na prática, quem tivesse as bênçãos dos generais de Brasília iria comandar os estados. Com isso, os referidos coronéis do Exército dominaram o Ceará nos anos 70 e começo dos 80. Era uma 'união na desunião'. César (mandato 1971-75), Adauto (1975-78) e Virgílio (1979-82) dominavam a política local, mas travavam duras disputas entre si. No geral, deram prosseguimento ao que é chamado de modernização conservadora, apostando na indústria e grandes obras de infraestruturas, embora mantendo as práticas políticas as mais tradicionais.
Adauto compôs o 'triunvirato' por uma série de fatores. Fez carreira militar e sua família era uma das mais tradicionais do Cariri, envolvida com a cotonicultura. Foi um passo a inserção política. Com seu irmão gêmeo, Humberto Bezerra, ocupou diversos mandatos eletivos. Tendo respaldo do grupo familiar, laços com a caserna, algo importante na ditadura, chegou ao governo do Ceará, em 1975, com as bênçãos de Geisel. Governou apenas 3 anos, renunciando após um escândalo envolvendo a tortura e morte, pela polícia, de um dos vigias das empresas da família. Embora não houvesse provas de ligações do governador, foi 'aconselhado' por Geisel a deixar o Palácio da Abolição. Era a época da 'distensão' e Geisel queria controlar os duros e os 'excessos' do regime.
O ocaso da ditadura era o eclipse do poder dos coronéis. Ainda tiveram uma sobrevida, com a eleição, em 1982, do governador Gonzaga Mota, de quem Adauto seria vice. Mota, depois, rompeu, um a um com os padrinhos. Unidos para tentar readquirir o comando do estado, os coronéis tiveram que se defrontar em 86 com um jovem Tasso Jereissati. O tassismo venceu, marcando o início de um novo ciclo do poder. Derrotados, os coronéis eram, não raro, detratados ou esquecidos ante a 'modernização' do tassismo. A morte de Adauto encerra cada vez mais o século XX e nos convida a pensar a história local para além das dicotomias simplórias."
Aírton de Farias
Historiador

DUAS EM UMA

1. Revelações: preconceito, misoginia, xenofobia, ódio... e vem mais por aí. Nessas eleições, esgoto vai ser fichinha!; 2. Como já falei aqu...