"'Tam, tam, tam. Tam, tam, tam,...'. Esta música se eternizou como som da vitória, ao passar a representar as inesquecíveis vitórias do eterno Ayrton Senna. Aos domingos o povo brasileiro sentava em suas poltronas para assistir às suas vitórias. Sua morte deixou-nos uma grande lacuna. Não somente por suas vitórias nas pistas de corridas. Mas, acima de tudo, pelo o exemplo de pessoa que ele era. Tanto é prova de sua 'grandeza' que somente após sua morte é que foram revelados, ao mundo, seus feitos em prol dos mais necessitados – um grandioso e silencioso trabalho social. A orfandade brasileira deve ter em exemplos como este a referência 'de ser cidadão' a ser seguida por todos, e principalmente, por nossos jovens, que são o futuro do País.
  Hoje não existe um brasileiro com notoriedade suficiente que nos faça dar a ele a alcunha de 'O CARA'. Se existe, sinceramente, não é do meu conhecimento... Os 'notórios' que conheço, são políticos. Os quais costumeiramente eu chamo de 'lambedores de rapadura'.
  O Brasil enfrenta hoje uma guerra urbana. E no fronte desta batalha os jovens brasileiros estão entrincheirados munidos de drogas, armas, violência demasiada e coisas mais... O que fazer? Para alguns dos ditos-cujos 'lambedores de rapadura' a solução se dará com a diminuição da maioridade penal dos nossos jovens. Ou com uma maior e efetiva pena a esses jovens, quase adultos. No entanto, se a mudança não se der de forma consistente, veja o absurdo que ocorrerá: se os nossos presídios existentes – e insuficientes, e considerados 'depósitos de seres humanos' não conseguem, comprovadamente, recuperar os 'adultos', terão 'esses mesmos presídios' a capacidade de fazê-lo?
  A saída para reverter este caos social juvenil é implantar políticas públicas que venham a ser 'a luz no fim do túnel' de que tanto precisamos que exista! Uma dessas políticas seria a política de investimento na educação, esporte e lazer destes jovens. Ocupar as suas mentes. Acredito que, atrás da bola (do esporte) não haverá a bolinha (do crack). Hoje as lápides dos cemitérios estão cheias de nomes de jovens que se foram cedo demais. E em muitos lares reinam o som das lágrimas derramadas por suas mães. É hora de ouvirmos, de novo, nos lares brasileiros, a predominância do simples, mas feliz, som tema da vitória de um simples 'da Silva', que a todos alegrou e ainda alegra... Que se ouça mais e mais a música: 'Tam, tam, tam. Tam, tam, tam...'"

  Carlos Teles