sábado, 10 de março de 2012

AINDA A MULHER!

  "De que mulheres trata o Dia da Mulher? Da velha empregada doméstica que a família preza como parente, para camuflar a sonegação de seus direitos trabalhistas, a falta de carteira assinada, de férias regulares e salário digno? É também o dia das babás, a quem é negado o direito de estudar, se aprimorar profissionalmente, e exigido afeto aos bebês da família? Quem se lembra das mulheres chefes de família, largadas à deriva por seus maridos, obrigadas à dupla jornada de trabalho? Metade da humanidade são mulheres. A outra metade, filhos de mulheres. Bilhões de mulheres prosseguem submetidas ao machismo irreverente, proibidas de dirigir carros em alguns países árabes, obrigadas a suportar a poligamia em clãs africanos, forçadas à infibulação (castração feminina) em culturas fundamentalistas, menosprezadas ao nascer na China patriarcal. Pobre Ocidente que, do alto de sua arrogância, mira tais práticas como se aqui as mulheres tivessem alcançado a emancipação. É verdade, multiplica-se o número de mulheres chefes de Estado ou de Governo, como, atualmente, Dilma Rousseff (Brasil); Cristina Kirchner (Argentina); Laura Chinchilla (Costa Rica); Ângela Merkel (Alemanha); Tarja Halonen (Finlândia); Pratibha Patil (Índia); Dália Grybauskaité (Lituânia); Eveline Schlumpf (Suíça); Ellen Sirleaf (Libéria); e Sheikh Hasina (Bangladesh). Não olhemos, porém, apenas para o alto. 'Mirem-se nas mulheres de Atenas', sugere Chico Buarque. (...). Há que mirar em volta: mulheres como isca de consumo, adornando carros e bebidas alcoólicas. Mulheres no açougue virtual da chanchada internáutica e nas capas de revistas que cobrem as bancas de jornais, a exibir, como vacas em exposição pecuária, seus atributos físicos anabolizados cirurgicamente. Milhões de mulheres tentado curar sua frustração, via medicamentos e terapias, por não corresponderem aos padrões vigentes de beleza. Mulheres recauchutadas, anoréxicas, siliconizadas, em luta perene contra rugas e gorduras que o tempo, implacável, imprime a seus corpos. São as gatas borralheiras, sempre a fugir da hora em que a velhice bate à porta, tornando-as menos atrativas aos olhos masculinos. Sim, há que comemorar mulheres que não foram ricas de imbecilidade nem se expuseram na vitrine eletrônica do voyeurismo televisivo. Refiro-me à Judite, que derrotou o general Holofernes; Maria, que exaltou os pobres, despediu os ricos de mãos vazias e gerou Jesus.
 

E, NESSES TEMPOS BICUDOS,...



O ESPETÁCULO INEXISTENTE

   O sr. prefeito de Maracanaú prometeu em sua primeira campanha a prefeito a construção de um estádio no município. No primeiro mandado... blá, blá, blá,... Foi reeleito com quase 90% dos votos válidos. E nada! A crônica desse "drible da vaca" no eleitor, bem que poderia começar assim:
   "No estádio Sumidão de Maracanaú os times jogam... pedras nos tolos..."

REPETECO

OS DOUTORES E SEUS CARRÕES



  Essa eu ouvi hoje de manhã, de um soldado da PM. Foi ele, com os amigos, a uma cidadezinha do interior. Levavam numa viatura alguns bandidos perigosos, desses que estouram as cidades e humilham o cidadão (e o governo agarrado a suas fronhas históricas!). Era dia de audiência para os meninos traquinas. Outras viaturas iam no apoio, claro! Chegando à cidade, rumaram ao fórum. No caminho, muitos carrões doidos e seus donos engravatados...
  Pensavam ser ricos comerciantes e fazendeiros da região. Que nada! Ao se aproximarem da casa da lei, uma constatação aterradora: os possantes veículos reluzentes eram dos causídicos que iam defender os fora-da-leis. Quem pode, paga!

MÚSICA DE QUALIDADE: O GENIAL CEARENSE MANASSÉS, NA TV O POVO (08.05.10)

FARINHA E ALGODÃO



  A farinha e o algodão lembram boa produtividade. Bons tempos. Farinhada, algodão e fartura me levam ao Araquém da década de 70. Naquelas eras, os homens botavam todos os filhos à frente de si, em magote, e rumavam para a vila. Chegando lá, chamavam o lojista prum canto e avisavam: - Eu queria levar uns cortes pros meninos e pra mulher! O caixeiro era convocado e a tesoura comia! O tegal, o tricoline, o volta-ao-mundo e a popeline entravam no corte! Uma hora depois, o chefe de família saía pra casa com os pacotes de fazenda na lua-da-sela do animal, alegre e satisfeito. Estava garantida a vestimenta pras festas de Santo Antônio. Ao comerciante avisava: - Até a chegada do ouro-branco!

FARINHA E FARINHADA

 "(... ) 'farinha é um dicumê abençoado: rende o pouco, esfria o quente e endurece o mole.' E é mesmo. Além de ser uma quase unanimidade entre os nordestinos, sempre foi, ao lado do consórcio gado/algodão, um produto que representava algum excedente nos 'anos bons'(de inverno farto). Era o saco de farinha, de algodão, ou uma rês cevada que garantiam a compra de uma máquina de costura, de um 'corte' para uma roupa nova (geralmente do mesmo pano para todos os meninos) ou, mais recentemente, de uma bicicleta ou de uma passagem para São Paulo.

  A chef de cozinha Ana Luiza Trajano, paulista com ascendência mineira e cearense, vai mais longe e lembra que não é o arroz com feijão que une o Brasil: 'a verdade no País inteiro é a mandioca'. Câmara Cascudo chama a farinha  de 'Rainha do Brasil – basalto fundamental na alimentação brasileira'. O naturalista austríaco Von Martius, que esteve em missão no Brasil de 1817 a 1822, escreveu que, 'com um saquinho de farinha, o brasileiro vive oito dias e, nas matas e pântanos, cansaria o mais forte soldado nórdico e em guerrilha o venceria'.

  A farinhada é uma festa no sertão. Homens, mulheres e crianças trabalham na fabricação da farinha. Para todos há ocupação. Em certos pontos do País a farinhada é notável acontecimento; acorrem pessoas de diferentes sítios, há matança de rezes para alimentação dos que nela estão colaborando. Os lavradores vizinhos agem de modo a que não coincidam as épocas de farinhada, para poderem contar com o maior auxílio possível.

  A negra Pastora raspava mandioca nas farinhadas de João Silvestre, meu avô. Também nas de outros pequenos (ou não tão pequenos) proprietários de terra no sopé da Chapada do Araripe. Vivia só. Os filhos cresceram e tresmalharam-se. Trazia sempre um pano amarrado na cabeça, cobrindo o pouco cabelo espicaçado. Tinha olhos opacos como os de um peixe passado. De cócoras para descascar mandioca, viam-se-lhe as canelas descarnadas e cinzentas.

  Nas festas de farinhada Pastora bebericava umas e outras e ficava, como costuma dizer minha mãe, desbocada. Começava, então, dizer nomes feios e impropérios capazes de fazer corar um frade de pedra. Um dia acharam pastora boiando num açudeco onde costumava nadar ao amanhecer. As anáguas brancas lembravam um punhado de farinha a dar contornos à pele escura e fria. Extinguia-se ali a anônima Pastora. (...)."

  (Blogue Coisas do Meu Sertão)

MEXENDO NUM VESPEIRO!

  "No Brasil, o povo católico tinha a tradição de doar terras à Igreja. Frutos de uma promessa. Uma forma de demonstrar prestígio e até ganhar indulgências. Depois, eram lançadas campanhas para arrecadar dinheiro e construir templos, escolas, orfanatos, hospitais. Dessa forma, a Igreja, enquanto instituição, constituiu um grande patrimônio.
  Acredito, porém, que esses bens, mesmo estando sob a guarda da Igreja ou de alguma congregação religiosa, têm um vínculo e compromisso histórico com o povo católico. As doações da época tinham uma finalidade bem clara: era para ser um templo, uma escola, um orfanato, um hospital. Se um dia, por alguma razão, essas obras não eram mais possíveis, o povo de Deus deveria ser consultado sobre a sua nova destinação.
  Aqui em Fortaleza, nos últimos tempos, algumas congregações andaram desrespeitando esse código do 'pastor para com suas ovelhas'. Alguns exemplos doem no coração. O colégio Stella Maris foi transformado em luxuoso condomínio residencial. O Centro de Encontros e Retiros na Avenida Bezerra de Menezes foi engolido pela especulação imobiliária, O Redentorista virou quartel, o Colégio Santo Inácio será um grande empreendimento imobiliário. Até mesmo o Colégio Cearense estaria exposto a negócio, como foi o tradicional Colégio das Doroteias.
  No mínimo, a comunidade deveria ter sido consultada. Creio que seria uma justa atitude escutar aqueles que tanto contribuíram para a realização destas obras. Para construir, para conseguir, o povo foi necessário. E agora que se desfaz nada se comenta? Como se trata de patrimônio administrado por congregações religiosas, muitas vezes estas decisões são tomadas fora do Ceará e independem até mesmo da vontade do Arcebispado de Fortaleza.
  Seja como for, a população precisa estar atenta. Podemos ter informações mais precisas? Seria pedir muito que houvesse transparência nessas transações? Fortaleza carece tanto de espaços verdes, livres, que a simples ameaça de novas negociações nos deixa entristecidos."
  
  (Antônio Mourão Cavalcante, psiquiatra, antropólogo e Professor da UFC, no Blogue do Eliomar)

MANCHETES DO FACEBOOK

  "Escândalo na Justiça: CNJ investiga esquema milionário envolvendo fundação tucana mineira e Tribunais Superiores, inclusive STF e o próprio CNJ"
  "Livro espanhol sobre Dom Pedro I chega ao Brasil com erros históricos e causa alvoroço"

SÁBADO VAZIO

   Estou no bairro Conjunto Esperança, na casa de uma irmã, depois de um sábado letivo (vazio) e improdutivo. Queria, então agradecer à Prefeitura de Fortaleza a imposição do calendário pra cansar Professor cansado. Obrigado!

NÃO-ME-TOQUES (?)

Quer dizer que Felipe Neto, youtuber, não pode chamar Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, de "excrementíssimo" ao inv...