21 de nov. de 2013

O QUE PREOCUPA MENOS É O ANALFABETISMO

  Há algum tempo escrevi uma artigo defendendo que o fato de muitas escolas do País não terem sequer uma biblioteca me preocupava menos do que as que têm uma e não são freqüentadas por ninguém; ou pior, são trancadas a chaves por uma falsa “tutela” do diretor da escola, que zela por livros limpinhos. Um livro fechado na estante, defendi, não significa evolução cultural – mas estagnação de curiosidade, o pior dos males. Da mesma maneira, menos me preocupa o fato do índice de analfabetismo ter sofrido um ligeiro aumento segundo os dados da última Pnad do que saber que a maioria da população que consegue juntar letras, não lê de verdade.  E não me refiro aqui ao que muitos especialistas chamam de “analfabetismo funcional”, mas a questão de que a alfabetização tem sido tratada como uma instrumentalização e não como uma ferramenta para se ler e compreender o mundo.  Há um vácuo gigantesco entre ser alfabetizado e compreender o que nos cerca.
  Sim, a escola tem muita culpa nisso, bem como a família. Educação é a base da construção de olhares sobre a vida e não se dá só no lócus da escola; o letramento, e não só ele, é mais um instrumento para que ampliemos essa nossa percepção e a construção de nossa identidade – mas não o único.
  O que o educador venezuelano Bernardo Toro alertou, ainda nos anos 80, para uma alfabetização imagética e visual, ainda é uma utopia na escola ocidental, que só pensa em letras e não em imagens. Há ainda um esforço mundial, conduzido pela Unesco, para que a mídia, que é uma lente poderosa e onipresente de olhar para o que acontece no planeta, também tenha na sua alfabetização - uma necessidade de primeira ordem.
  Em suma, hoje as letras são apenas parte do que precisamos para nos comunicar, compreender e ser compreendido. A arte, a comunicação, a mídia – tudo faz parte de um universo de códigos e experimentações no qual o estudante desde os primeiros anos deve também estar inserido. A escola, na sua eterna batalha ideológica e construção de identidade, não dá conta nem da metade desse recado.
 Há pessoas, leitores de mundo, felizes e plenos, que não sabem ler nem escrever. Mas tocam instrumentos, pintam, falam ou dançam.  Nossa velha escola conteudista e funcionalista, filha de Durkheim, só pensa no letramento; nossa sociedade só lamenta por ele – é o que se lê mais facilmente nos jornais.
  Cedendo um pouco à onda do analfabetismo, a manchete que não existiu e que diz muito mais sobre a educação brasileira é a que sublinha que “um em cada dois brasileiros analfabetos estão no Nordeste”.  A isso vale a pena atentarmos.  

  O autor, Alexandre Le Voci Sayad é jornalista especializado em educação e diretor geral do Laboratório de Mídia e Educação (MEL). Publicou, entre outros, “Idade Mídia: A Comunicação Reinventada na Escola” (editora Aleph) , em 2012.

  FONTE: Estadão

QUE VENHA ESSE TIPO DE VANDALISMO!

  "Foi preciso um grafite para os poderes públicos lembrarem da existência do Farol do Mucuripe, patrimônio histórico em péssimo estado de conservação. Não é uma questão só de uma ou de outra gestão. É uma questão (igualmente) de sociedade. Os setores abastados locais, em sua ânsia de modernidade, desprezam a história local.  
   Preferem as mega-obras, para mostrar seu poder megalomaníaco (e quem sabe fazer a alegria das grandes construtoras); preferem os arranha-céus, com seus nomes em inglês de dobrar a língua. Preferem vias e viadutos para andarem em seus carrões potentes. De fato, o Ceará é uma terra de gente pobre.
  Caros grafiteiros, que tal fazer sua arte no Teatro São José, no Museu do Ceará, no Arquivo Público, nos prédios históricos do Centro de Fortaleza, nos casarões do Jacarecanga? Sugiro até ‘grafitarem’ escritores, músicos, atores, etc. Quem sabe, assim, as nossas autoridades lembrarão que existe arte e história nas terras de Alencar, Raquel e Patativa.”

  (AIRTON DE FARIAS, historiador)

E NOS PAMPAS, TAMBÉM!

LÁ TAMBÉM TEM O SEU!

PROTESTO

  Está surgindo uma nova forma de protesto em Fortaleza. Artistas e grafiteiros estão procurando prédios e órgãos abandonados pelo poder público e fazendo seus trabalhos murais. Já houve isso no Farol do Mucuripe. Já, já as autoridades vão chamar de vandalismo. Abandonar o Farol durante anos e décadas é o quê?!

INTERTEXTUALIZAÇÃO

 A canalhice S.A

AOS AMANTES DA HISTÓRIA!

  Não sei se no meio da minha rala audiência tem alguém que goste de História. De qualquer forma aí está o link de um belo artigo da historiadora Isabel Lustosa, publicado pelo DN dia 16.11:

  http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1338809&coluna=1


30

FLÁVIO DINO

Seria um quarto alvo, na lista dos malucos do Planalto. Ele também pensa e, logo, INCOMODA!