Olha só quem divulgou (hoje) nosso trabalho com leitura/cultura, na Rádio Cidade AM 860. A entidade tem um programa na rádio, de 11h. ao meio dia (com reprise aos domingos). Valeu!!
23 de jan. de 2021
REVOLTA
"Este é um quarteirão da Av. Santos Dumont. Para inaugurar a obra a prefeitura plantou, às pressas, carnaubeiras adultas, arrancadas de seu habitat, como vidas humanas carregadas para campos de concentração ou celas; foram enfiadas no chão, de qualquer jeito, porque afinal é coisa pública e ninguém vai reclamar. Esse é o procedimento generalizado em avenidas de canteiros centrais na capital e no interior. Vida vegetal indo para o matadouro das cidades, onde poucas escapam do abandono. 'Hoje são folhas mortas!' - cantou o poeta; o mais doloroso dos sacrifícios na vida de uma árvore está nessa palmeira maravilhosa, suas raízes ficam profundas, ao chegar à idade adulta. Durante sua existência cobriu tetos, produziu a cera riquíssima, serviu de cama, nas brenhas do sertão, de linha de telhados e de varanda da casa grande. Agora o homem (podre homem) descobriu que pode até extingui-la sem medo, afinal, ninguém vela por quem oferece serventia a pobreza, ao homem nordestino da lida. Agora enfeitaram a Beira-Mar de carnaubeiras; algum paisagista ignorante, apressado em concluir a obra... Certamente não se preocupou em pesquisar fotos antigas de nossas praias, com frondosos coqueirais praieiros. O atual e da moda é o desmanche; é o aqui e agora, a negação, a pandemia paisagística. Eu, deputado, apresentava projeto de lei acabando com a novidade. As carnaubeiras são como o preá, a aroeira, o juazeiro, o tatu-bola. São do mato, das capoeiras e brejados. Um crime, portanto, ambiental, cometido e presenciado com indiferença, sem apelo, sem pecado. A morte diante dos nossos olhos, nem que seja pelo retrovisor do carro."
Nazareno Albuquerque, jornalista e publicitário
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