"Não me interessa uma cidade deles. Onde eles cruzam a bola e correm pro cabeceio. Interessa-me uma cidade viva, que se discuta, se planeje, se curta! Uma cidade onde os homens sejam sujeitos de sua história. Uma cidade onde a dor seja sofrida em grupo e a cura seja buscada, coletivamente!
Para que quero uma cidade onde os doutores gritam e eu apenas ouço, escolhendo ficar calado ou sair correndo?! O que querem de mim, nessa cidade? Que eu seja como as rochas e dormentes de trem, que se deixam ficar anos a fio, vendo o tempo passar?
Interessa a elas apenas meus impostos, minhas taxas, meu pouco sangue? Ora, não foi essa vida que eu escolhi pra mim, enquanto cidadão! Quero viver a vida, chorar, gemer, sorrir, ser feliz! Quero a dor, quero o amor, o desamor, a , o rega-bofes e não apenas a fatura fria! Quero minha cidade pulando que nem cabrito nos montes da vida. Quero minha gente na vanguarda da felicidade, montando o alazão da contemplação da vida!
Chega de mesmices e de senhores sisudos gritando palavras que me ferem as oiças! Pra lá, doutor! Leve daqui seu balaio de sandices! Quero outro mundo!"
João Teles de Aguiar, no Blogue da APL