25 de jun. de 2011

METON CARDOSO

  No Araquém dos meus tempos de calças curtas residia o senhor Meton Cardoso. Caladão, trabalhador, monossilábico. Passava os dias nas suas terras do Mussum-mirim. Tinha muitos homens à sua disposição. Os filhos viviam em Fortaleza. Seriam doutores! Meton tinha as melhores casas, terrenos e quintais. Tinha carroças e bons burros, num Araquém sem carros. Em seus quintais, sempre cheios de plantação de milho, feijão, mandioca e palma, existiam grandes e misteriosos cacimbões. À tarde, os empregados puxavam ricas cadeiras para a calçada, onde o velho sentava com os seus. Velhinho, careca, misterioso. O meu pai o chamava de tio. "Ele é irmão da minha mãe, Raimunda Ferreira Cardoso". O rico homem de tantas posses e de visitas de gente ligada à Jotacardoso (Jotacar) da distante Fortaleza, era meu parente? "Por que a gente não era abastado?", perguntava-se o menino, filho do pequeno bodegueiro, comboieiro e pecuarista cansado. Meton Cardoso rico, sempre calado, sisudo, ensimesmado. Um cidadão do Araquém do passado...

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