Sei que os deuses do Olimpo/ Vão me dar inspiração/ Para narrar com tempero/ E alguma devoção/ Fatos manchados de dor/ Doença vil e oração
A dona Lica viveu/ Em nosso árido sertão/ Cresceu em meio ao temor/ De uma seca, com razão/ Pois sabia que uma seca/ Rima com desolação
Muito nova se casou/ Com Tomaz, um homem bom/ Logo veio a embirica/ De menino - foi um dom/ Com muito trabalho e força/ Nunca soltou o guidom!
E Tomaz corria o mundo/ À procura de feijão/ Era forte, destemido/ Pra trabalhar, um leão/ Os filhos sempre no apoio/ Lá no sofrido sertão
O tempo passou e veio/ Longa era de sofrer/ A filha mais velha Lica/ Viu na rede esmorecer/ E em três dias de dor/ Sua face se desfazer!
Dona Lica, em meio a prantos/ E o apoio de Tomaz/ Viu a filha lutadora/ Ligeira que nem um ás/ Perder a vida, tão boa/ Sem conhecer um rapaz!
A dor logo fez morada/ Naquele peito cristão/ Rezou muito, fez pedido/ A Padre Cícero Romão/ Iria, sim a Juá/ Buscar a consolação!
(...)
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