"A questão é complicada, porque não há como fugir do contexto social do Judaísmo antigo, machista e patriarcal; mas se observarmos as atitudes
de Jesus, em relação as mulheres, veremos que a coisa é diferente. Pra
começar a genealogia de Jesus é sui generis; nela há mulheres que não
eram bem vistas em Israel (Rute, estrangeira; Raab, prostituta). Jesus
rompe com as amarras dessa época. Há vários exemplos disso, como a
conversa com a samaritana no poço de Jacó (algo impensável, um
homem estrangeiro conversar com uma estranha. Seria visto como
assédio); a mulher que unge Jesus com perfume (num rito que era
considerado sexual); a relação com Maria Madalena, que é perdoada mesmo
em adultério (quando o costume era apedrejamento). As seguidoras de
Jesus, (...) não tinham acesso ao Templo de Jerusalém (ficavam
separadas), nas sinagogas havia exclusivamente homens, mas no grupo de
Jesus elas tiveram um papel importante, mesmo com a barreira cultural e
social que ainda há nos textos. Paulo, como se sabe, era um fariseu de
formação, zeloso e radical, não é estranho que tenha obscurecido o papel
das mulheres nas primeiras comunidades."
(Francisco Bento da Silva, Professor da UFC - Cariri -, filósofo e articulista do Caderno Espiritualidade do O Povo)
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