sábado, 18 de junho de 2011

Aqui nasceu a democracia

  "A História nos ensina que os gregos inventaram a democracia. Um governo que não se origina de um poder divino – sangue azul ou coisa igual – mas do consenso de todos. A Ágora passou a ser o grande centro de decisão da comunidade. Lembrei-me disso quando em Agrigento, cidade litorânea, no outro lado da Sicília, visitamos o Vale dos Templos. Os livros e guias assinalam que este é o segundo maior conjunto arquitetônico grego ainda preservado no mundo. Dá para sentir o que foi a força desse império. Pois, foram eles, que com muitos deuses e extraordinária sensibilidade, pensaram na fórmula democrática de governar os povos. Até aí tudo bem. Muitos séculos se passaram. Hoje, podemos analisar com mais detalhes os resultados da construção desse modelo. Talvez citar que a democracia não era, naquele tempo, facultada a todos. Havia a categoria dos escravos que eram os 'obreiros' do império. Os carregadores das pedras. Estes, não votavam. E, óbvio, ainda não tinham criado o consumo, a mais valia e outros elementos que levaram a concentração da riqueza nas mãos de poucos. A democracia dos capitalistas também precisa dos 'escravos' que trabalhem e produzam. Os chineses, exemplo atual – cúmulo do paradoxo! – vivem num mundo comunista com salários miseráveis, engordando o capital, ou seja, o lucro dos patroes sem pátria. O que vai significar para essa gente a tal democracia? Sem mencionar a extraordinária força da mídia que modifica e manipula opiniões e sentimentos, transformando, em poucos comerciais, bandidos em heróis.

  Os templos que inspiram a democracia do mundo grego devem servir igualmente para pensarmos o que fazer dessa herança: uma farsa ou uma esperança?

  Seria oportuno voltar aos gregos, entender a lógica do fazer democrático, compreendendo que o mundo mudou muito e que caberiam muitas adaptações e aperfeiçoamento nesse processo.

  Pensando bem, em algumas circunstâncias, o modelo democrático não tem correspondido aos anseios mais profundos da sociedade."

  (Antonio Mourão, Professor da UECE e antropólogo, no O Povo)

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