25 de jun. de 2011

A CRÔNICA DA VIDA

 Zeca era um agricultor, um homem comum. Desses de uma vila interiorana. Nos fins de semana cortava gado para os comerciantes (em épocas passadas chamavam-no de magarefe). Enquanto derrubava milhã ou cortava gado, Zeca contava pilhérias, "nedotas" ou "causos", para animar a audiência, sempre muito boa! Um dia, contou a história de um conhecido que costumava sovar a coitada da mulher. Era normal todos os dias o sujeito bater na sua senhora, num tempo sem Maria da Penha. Estava avezado! Qualquer coisa, peia nela! Chegava a tirar paus da cerca, para quebrar nos lombos da dedicada companheira de rede e de lida. Mas, como "o amor tem razões que a própria razão desconhece", após o sol das duas da tarde embiocar, o sujeito partia para as bodegas para prosear, espichar conversas em emborcar copos. A mulher tinha um único prazer na vida: mascar. E, viciada, esquecia todas as pancadas do dia e dos dias anteriores e pedia: - Oh, Raimundo traz um fuminho pra mim! E o velhaco: - Saci ou Caipora? E ela: Saci! O sujeito, já cheio de intenções camarinheiras: - Certo, comadre! Tava preparada a sem-vergonhesa da noite. Até a próxima pancadaria.

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AV. BEIRA MAR NO ABANDONO

Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!