“Resposta à Carta de Fã”

"Professor  João Teles,

 Ao ver o vídeo sobre o Belchior, lembrei de um texto que já havia produzido. Publique-o!"

   (Davi)

   “Se você vier me perguntar por ande andei”, “de olhos abertos lhe direi”: “mesmo descontente”, longe eu não estou, pois “tenho medo de avião”, “tenho medo de abrir a porta, de dá pro sertão da minha solidão.” Não se preocupem, “tenho muitos anos de sangue e de América do Sul”, e por “força deste destino” “tenho andado” “léguas tiranas”. A “minha alucinação é suportar o dia-dia, e o meu “delírio é experiência com coisas reais”. Não “estou interessado em nenhuma fantasia” e sim “amar e mudar as coisas me interessa mais”.

- “Olhem o padeiro entregando o pão, menos naquela casa, naquela, não”! Lá não estou mais! Mas voltarei! Voltarei “cumprindo o meu dever e defendendo o seu amor e nossa vida!” Tenham certeza que quando eu voltar, “quero lhe contar o que eu vivi e tudo o que aconteceu comigo”. Só “sei que o amor é uma coisa boa”, porém aprendi que “qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa.” Vejam meus diletos fãs, quero ter a chance pra “plantar livro, escrever árvores, criar um filho feliz” e, acima de tudo, “um pouquinho pra fazer de novo tudo o que eu já fiz”, pois aonde ando “nenhum supermercado satisfaz o meu coração”. Eu “era feito aquela gente honesta, boa e comovida, falava de negócios, ria, via show de mulher nua”. Retornarei, apesar de “andar meio descontente” não “quero que este canto torto, feito faca corte a carn e de vocês”. “Sei que assim falando”, quero dizer: “saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho”, “deixem que eu decida a minha vida”, “não preciso que me digam de que lado nasce o sol” e um dia, com certeza, “escrevo em letras grandes de novo”. Vejam, “o tempo, andou mexendo com a gente, sim!” Então, “saia do meu caminho”, ando buscando a minha felicidade, porém, descobri “que ela é uma arma quente”.

“Até mais ver, até mais ver, meu camarada”, “não fale adeus”, “ou coisa parecida”. Sei que “ainda sou bem moço pra tanta tristeza”. Então, ”cuidemos da vida”, “senão chega a morte ou coisa parecida”. Voltarei, volto “pra gozar o teu céu, pode ser até o teu inferno”, pois saibam que vivemos a “divina comédia humana, onde nada é eterno”.

(Davi Portela)