(Carlos Chagas, na Tribuna da Imprensa)
"Claro que a corrupção vem de muito tempo. Séculos, desde a colonização portuguesa, ainda que naqueles idos não raro algum alto funcionário tivesse sido removido a ferros para Portugal. No Império, na República Velha, na Revolução de 30, no Estado Novo, na redemocratização de 46, no regime militar e agora, na Nova República, muita gente meteu a mão. O problema é que da década de 90 até agora, a lambança com os dinheiros públicos só fez aumentar, ao tempo em que os instrumentos de investigação e de punição só diminuíram.
Não será demais afirmar que nunca se roubou tanto como hoje, nesse conluio entre agentes do poder público e empresas privadas, com ênfase para as empreiteiras de obras, mas sem esquecer as companhias especializadas em vender para o governo.
Melhor dizer para os governos, porque seria injustiça botar o peso da roubalheira na administração Dilma Rousseff. Ela herdou a presença das quadrilhas mancomunadas com políticos, mas o que dizer dos governos Lula, Fernando Henrique, Fernando Collor e José Sarney, com um refrigério apenas para o período Itamar Franco, não porque se roubasse menos, mas porque, quando informado, o então presidente baixava tacape e borduna em quem fosse identificado. (...)"
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