"Leruá
O leruá na Meruoca é uma variação do maneiro-pau, do Ceará. Ele é um bailado de roda, em que os figurantes acentuam a nota dominante das canções entoadas e repetidas em coro em seus respectivos refrões com o entrechoque de pequenos cacetes de jucá.
Os dançarinos voltam-se para a direita e para a esquerda enquanto a roda movimenta-se no ritmo da canção, que se acelera no decorrer da brincadeira. De provável origem indígena, o leruá, em seu processo de consolidação, assimilou a fusão cultural brasileira, podendo ainda ser relacionado ao maculelê (bailado guerreiro que era exibido na festa de Nossa Senhora da Conceição na Praça da Purificação, em Salvador, e hoje comum nas rodas de capoeira em todo o Brasil) e a outras danças, como o bate-pau (Vale do Rio das Graças) e o tum-dum-dum (dança popular em Bragança, Pará).O leruá chegou em Meruoca trazido pela família Ricardino. Chicó Ricardino, o patriarca, aprendeu a dançar ainda menino, quando morava no Sítio Baixa Grande, e se apresentava em qualquer período do ano, especialmente em junho, nas festas juninas, de acordo com Tampinha, seu filho. Chicó teve outros 16 filhos e quase todos aprenderam a dançar o leruá. A brincadeira do leruá inicia-se com o grupo em círculo, sempre com um número par de integrantes (normalmente de 8 a 12). Um dos brincantes improvisa alguns versos cantados e respondidos pelo grupo.
Em seguida começa o movimento da dança. 'Começa rodando, cantado e o cacete truando,' explica Tampinha.
'Ai, ai, ai que eu vou/ Leruá/ pro Legamar/ Leruá/ Pegar peixim/ Para nós jantar/ Leruá/ Na brincadeira/ Do leruá/ Rapaziada/ Leruá/ Cês olhem lá/ Leruá/ Apluma o pau/ Leruá/ Que eu quero dar/ Leruá/ ...'
Após 10 a 20 minutos a brincadeira é encerrada.
'Rapaziada/ Leruá/ Cês olhem lá/ Leruá/ Preste atenção/ Leruá/ Que eu vou terminar/ Leruá/ Que o forgo é curto/ Leruá/ Minha voz não dá/ Leruá/ Já tô cansado/ Leruá/ De pelejar/ Leruá/ Preste atenção/ Leruá/ Que eu vou terminar/ Leruá.'"
Na década de 70 leruá ficou praticamente esquecido; nos anos 80, houve poucas apresentações; em 95 e 96 um pouco mais. Foi em 2001, com a chegada da alfabetização solidária, que o leruá voltou a tomar fôlego. Isso porque a professora Vânia resgatou a tradição e a colocou em destaque."
FONTE:http://www.meruoca.ce.gov.br/cultura/texto.php?Id=2004&Menu=92
Nenhum comentário:
Postar um comentário