terça-feira, 13 de setembro de 2011

UMA CRONIQUETA COREAUENSE

  O menino surgiu do nada, no meio da multidão que aproveitava a festa da padroeira. Vestia-se normalmente, como se andasse à beira do rio. Chegou-se pra mim e, sem mais delongas, pediu um real. Olhei pra ele e balancei a cabeça, negativamente. Ele não demonstrou tristeza! Girou num dos calcanhares e saiu fora! Sumiu entre as prendas do leilão. Levei a mão ao bolso e peguei um real em moeda. E fiquei com cara de bobo, olhando pro centro da multidão, esperando a volta do menino que implorara minha ajuda. Talvez quisesse dar umas escorregadas naquele escorredador gigante, armado à frente da casa do finado Otávio Albuquerque... E eu pus tudo a perder! Aquele menino magrelo podia ser meu filho! Porque fiz tamanha besteira? Por que tanta suvinice, se estava ali tomando umas cervejas. E o menino não voltou! Não sei quem é ele. Talvez, nunca mais saiba de quem se trata. Talvez, foi dormir a partir dali, sorumbático e sentindo-se um traste... Minha falta de sensibilidade foi grande! Tão grande, talvez, quanto a vontade daquele menino de brincar um pouco ou saborear um sorvete... Mas eu impedi sua alegria! Se pelo menos ele lesse essa croniquinha, para me perdoar... Quem sabe!

Nenhum comentário:

O TRANSPORTE QUE EXISTE. PROS OUTROS