sábado, 8 de outubro de 2011

O que Está por Trás dos Folhetins das Novelas da Televisão?

  O folhetinesco que campeia nas telelágrimas exibidas pela televisão, vai afundando cada vez mais, o conceito de que a sociedade está em transe. A explicação é justificada, em função do nível alto de telespectadores mensurados pelos institutos de pesquisas. 'Tô vendo, tô vendo tudo/Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo/', o refrão do (des)encanto de Livardo Alves, Orlando Tejo e Gilvan Chaves, traduz o martelo 'O Meu País'.
  É impossível conviver com tanta desventuras, sem que não haja uma reação. As lições de desamor, os desfortúnios e a marginalidade são ingredientes que dão essência às novelas. Havia, antes regras para que os enredos mais ouriçados pudessem ser exibidos. Agora, em nome de uma falsa modernidade e na voz de uma libertinagem, vísceras de tabus são expostos sem meia-luz e maquiagens. Nem o controle remoto serve de instrumento eficaz no combate à insensatez.
  As novelas criadas atendem a demanda do mercado. Sangue, estupro, bipolaridade, compulsão, assassinatos, desobediência civil e antagonismos estão presentes no caldo cultural da (in)civilidade moderna, mas fermento possante na audiência. Homens vilãos e mulheres fazendo contraponto, competem na arte de estimular a descompostura, fortalecendo uma sociedade corrupta, viciando o conceito do que seja lícito.
Nesse jogo desigual, o martelo 'O Meu Pais' - de Livardo, Orlando e Gilvan - nunca esteve tão atualizado, quando esfrega a poeira dos nossos cérebros para ecoar: 'Um país que perdeu a identidade/Sepultou o idioma português/Aprendeu a falar pornofonês/Aderindo à global vulgaridade'. A realidade do país é decadente do ponto de vista dos poderes executivo, legislativo e judiciário, mas se tais esferas estão contaminadas, vamos recorrer pois, aos clamores de quem tem voz e vez.
  O avanço da política de que tudo é permitido antes que a lei entre em vigor, estabelece um fosso perigoso para a sociedade pária gerada pela onda ficcional televisiva. A família a cada capítulo é ultrajada pelo maniqueísmo novelista. O filho inverte a lógica de conduta e, os pais são coadjuvantes de um drama acentuado por culpas e fragilidade. 'Um país que não tem capacidade/De saber o que pensa e o que diz/Que não pode esconder a cicatriz/De um povo de bem que vive mal/Pode ser o país do carnaval/Mas não é, com certeza, o meu país'.
  Livardo, Orlando e Gilvan em seis pequenas estrofes no parágrafo anterior, sintetizam as dores do oratório que temos de arrancar do peito, para não denunciarmos as considerações em circuitos fechados e/ou palestras para um punhado de intelectuais. A sociedade precisa ficar atenta e sair do marasmo de que a providência divina chegará em breve. O refrão: 'Tô vendo tudo, tô vendo tudo/Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo'. Este país é o Brasil e, não uma nação de zumbis.

  (Evandro Nogueira, do site Ceará Agora e da Rádio Verdes Mares)

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