terça-feira, 25 de outubro de 2011

Quem é Selvagem? - Parte I



   Durante o dia, pensei em como escreveria sobre a exposição mórbida do cadáver de Muammar Khadaffi, que se prolongava há vários dias. Era por demais repugnante, mas mais repugnate é fingir que isso não estava acontecendo, para não ferir a “maré” de júbilo ocidental que, aos poucos, foi se transformando em vergonha mal-disfarçada. Agora à tarde, segundo a Reuters, finalmente, o corpo foi tirado da sala refrigerada onde estava exposto  e enterrado num local secreto, se é que isso existe.

   Pode-se até entender a curiosidade mórbida de líbios que o combatiam, embora nada desculpe seus líderes de terem promovido este espetáculo grotesco.
   Mas pior, muito pior é o que fizeram os “civilizados” ocidentais, que sustentaram este desfecho monstruoso, que em nada fica a dever às piores acusações que se faz ao morto, em seus 40 anos de poder. Não me refiro à morbidez da mídia, ao ponto de um jornal inglês ter mandado um repórter à Libia para posar ao lado do corpo já – segundo a própria
Reuters – em decomposição.  Por respeito aos leitores, reproduzo a foto de capa encobrindo parte da cena com outro recorte do mesmo jornal, este de março, onde o primeiro-ministro de Sua Majestade diz que quer o “Cachorro Louco” vivo ou morto.
   Refiro-me à responsabilidades dos líderes ocidentais. Esta é a civilização que “vão levar” aos árabes? O desfecho só poderia ter sido este, depois de rejeitadas
todas as iniciativas de negociação por parte da Otan. Esperavam o que, que os rebeldes enviassem dois “bobbies” ingleses, com seus casacos vermelhos e chapéus de pele para levar Kadhafi sob custódia?
   Finalmente, topei com um artigo do professor Cláudio Lembo, ex-vice-governador de São Paulo, cuja filiação ao DEM o deixa insuspeito de qualquer conotação esquerdista ou anti-ocidental. Reproduzo, porque é escrito não apenas com as lições da História, mas com a alma de um ser humano que, à parte de ideologias, não tem prazer em ver a profanação de cadáveres. E que, lucidamente, não a atribui aos árabes, mas aquilo a que os levamos – das Cruzadas até hoje – em nome dos interesses econômicos e políticos que usam a democracia como o cristianismo foi usado, há muitos séculos, como bandeira de sua hipocrisia. (Segue)
  (DO BLOG DO BRIZOLA NETTO)
  Pauta sugerida por Eliton Meneses

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