14 de nov. de 2011

GERAÇÃO DO MEDO



   Acho que sou da geração do medo. Qualquer coisa que fazíamos quando pequenos, nos obrigava a ouvir o brado:
  - Não tem medo dos castigos de Deus?
  Um dia, ao ver o tempo fechado, bonito pra chover, cheguei a dizer:
  - Ih, tá pretinho!
   Uma mulher que nos ajudava em casa, ralhou:
  - Nunca diga isso! Um dia uma moça do Saco disse isso e uma voz falou do além: "Mais preta tá tua alma no inferno!"

 Tremi feito vara verde! Comer rapadura com farinha não podia. Água com rapadura, também não! - Isso é pecado! Dos pecados o que mais temia era os "mortais"! Esses levavam o sujeito direto pros quintos! Naqueles tempos éramos "politeístas", em matéria de inferno e de cavar buracos de medo, sob os pés dos outros, notadamente, das crianças. O cão nos era empurrado como fute, cafute, demônio, capitoro, satanás, belzebu, capeta,... Ainda hoje tenho medo dos tempos em que fomos condicionados a ter medo até de ter medo!

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Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!