sábado, 10 de dezembro de 2011

O Jeitinho Brasileiro

   DN, 09 de dezembro de 2011

   "O mal do brasileiro é o jeitinho brasileiro. Simples assim, direto assim. Quem nunca resistiu a um 'segura meu lugar na fila'? E assim caminha nosso País rumo à já consagrada 'esperteza brasileira'. O que poucos entendem - ou preferem deixar de lado a discussão - é que o jeitinho brasileiro é nada mais que um tipo de corrupção. Vou além: uma corrupção balizada pela nossa sociedade, confirmada pela nossa cultura. O fato é que a malandragem não se limita ao povo carioca. Na verdade, ela está presente no nosso dia a dia, de ponta a ponta do Brasil, em cada vez que estacionamos nas vagas para pessoas com necessidades especiais. Parece simples mudar esse tipo de comportamento, mas estamos falando de uma prática de séculos em terra tupiniquim. O que precisamos entender é que a atitude de lutar contra a corrupção começa por cada um de nós. Afinal de contas, como podemos cobrar seriedade e respeito das autoridades, se somos coniventes com tudo isso?  Uma sociedade justa e honesta está pautada nos detalhes, nas pequenas ações. Desde jogar uma bituca de cigarro ao chão até aceitar milhões em favor de interesses obscuros. Nesse ponto, temos de ser realistas e ver que ainda há muito a ser feito. Estamos no caminho certo, é bem verdade. Nossa sociedade caminha, ainda que a passos curtos, para uma consciência coletiva, em que as ações influenciam diretamente no crescimento da nação. O que não vale é achar que o famigerado jeitinho brasileiro é apenas uma prova de que nós somos criativos.

  Convenhamos, criatividade tem de estar a serviço de um bem maior, tem de ajudar na construção de algo realmente positivo. É por isso que o jeitinho brasileiro não deve ser visto como sinônimo de esperteza, até porque todo problema exige uma solução - é bem verdade -, mas nenhuma delas pode estar aliada à má fé. É preciso entender que a mudança começa por nós e não por nossos políticos. Eles são apenas um espelho de como agimos. No dia em que compreendermos isso, poderemos, finalmente, descobrir nosso papel como cidadão. Simples assim, direto assim."

  (Bruno Guerra, publicitário)

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