O poeta quixadaense
Na minha terra, as estradas são tortuosas e tristes como o destino do seu povo errante.
Viajor, se ardes em sede, se acaso a noite te alcançou,
bate sem susto no primeiro pouso: - terás água fresca para a tua sede, - rede cheirosa e branca para o teu sono.
Na minha terra, o cangaceiro é leal e valente:
jura que vai matar e mata. Jura que morre por alguém e morre.
(Brasil, onde mais energia: na água, que tem um só destino, do teu Salto das Sete Quedas ou na vida, que tem mil destinos, do teu jagunço aventureiro e nômade?)
Ah, eu sou da terra do seringueiro, -
o intruso que foi surpreender a puberdade da Amazônia.
Eu sou da terra onde o homem, seminu, planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
e fui crescer nos canaviais do Cariri,
entre caboclos belicosos e ágeis.
Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
eu sou o índice do meu povo:
Se o homem é bom - eu o respeito.
Se gosta de mim - morro por ele.
Se, porque é forte, entendesse de humilhar-me,
- ai, sertão! eu viveria o teu drama selvagem,
ou te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,
como antes te acordava ao choro da viola...
(JÁDER DE CARVALHO)
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