17 de mar. de 2012

DICA (MAIS UMA) DO ESCRITOR SÂNZIO DE AZEVEDO

POETAS ESQUECIDOS/ PERNAMBUCO

GERVÁSIO FIORAVANTI (1870-1936)

Quando o inverno passar, daqui distantes
Pelos bosques iremos solitários;
- Tu, meu amor, inveja dos canários,
- Eu, teu amor, inveja dos amantes.

Teus lábios nos meus lábios, tão instantes,
Que eu não lembro que os tens tão usurários...
Teus olhos nos meus olhos, tão constantes,
Que eu nem me lembro já que os tens tão vários.

Quando cansares, tu terás meu braço;
Quando eu cansar, terei o teu regaço;
E após beijar-te, eis-me a beijar-te ainda...

Ambos fugindo ao termo da viagem,
- Eu nos teus olhos vendo a minha imagem,
Tu nos meus olhos vendo como és linda!
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PAULO DE ARRUDA (1873-1900)

COVARDIA

Sombra que adoro e temo e osculo e odeio,
Fugir-te, ao encanto, embalde aspiro e tento.
Se bem longe és de mim, neste momento,
Toda escárnio sorris dentro em meio seio.

Quando foste, eu te disse e até jurei-o,
Eterno adeus de eterno esquecimento.
Mas bem longe és agora - é o meu tormento
Maior - ver-me, de ti, somente cheio!

Quero esquecer-te e mais te anseio e vejo.
Lembro que me feriste cruelmente.
Resisto e sofro, luto e te desejo...

E, nessa luta, a alma se me exala...
Morro, sorrindo, aos poucos, lentamente...
Morro beijando a mão que me apunhala!
 

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AV. BEIRA MAR NO ABANDONO

Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!