quarta-feira, 7 de março de 2012

MULHER: A SENHORA SILÊNCIO

Como eu queria abraçar amanhã uma cidadã que conheci no interior. Essa fortaleza com quem tive o prazer de conviver perdeu quatro filhos e o marido. O rapaz foi o último dos filhos a morrer. De tétano. As moças, já refeitas, de um mal desconhecido até hoje. O marido, quando se foi, lhe deixou abatida, como todos os outros, claro! Foram muitas dores! No atacado! Mas ela se sustentou no corpo raquítico de quarenta e poucos quilos... Uma marca registrada sua era o silêncio. Profundo! Como ela tinha uma ideia exata do tempo pra agir! Até pra sorrir, o fazia comedidamente. Era incapaz de ferir alguém. Sempre morou no mato, na zona rural onde, dizem, moram os cascas grossas, rudes e corudos. Mas ela era afável, carinhosa, sorriso leve, maneiro. Só dizia palavras doces... Uma professora desletrata (sem livros e enciclopédias). Mas sábia. Passada na casca do alho. Sabia guardar a dor até dos filhos e parentes mais próximos. Sofria sua dor mais profunda nos cantos surdos da casa ou no fundo da redinha branca. Nunca reclamou do pranto. Era muito pra si. Pra não causar a dor... nos outros... Vivia partida por dentro, com seu sofrer infinito, duro, cruel,... Mas sofria calada, qual ovelha escolhida pelo pastor da mansidão... Como eu queria beber de sua sabedoria, senhora silêncio! Talvez assim, eu podasse um pouco meu açodamento irmão-gêmeo do aperreio... Senhora silêncio. Eis uma mulher de fibra! 

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