26 de abr. de 2012

DO SEIO MILITANTE DA LUTA POR LIBERTAÇÃO

   "A partir da década de sessenta, uma revolução eclésio-social irrompe na América Latina. As posturas elitistas da hierarquia eclesial (sacerdotes e religiosos) são questionadas. Dá-se mais espaço para a participação laica. A comunidade passa a ter centralidade e a realidade social se torna alvo da ação política organizada.

  Delineia-se um conjunto de posturas éticas no modo de ser Igreja e análise do Evangelho, a partir da relação deste com o sofrimento do povo de Deus, denominado Teologia da Libertação, procurando constituir um saber-fazer religioso ancorado na vida. Viver a comunidade, a partilha e a organização com fins à conquista e efetivação de direitos ganha forma nas CEBs – Comunidades Eclesiais de Base. Uma igreja pobre, que se posiciona politicamente a favor dos excluídos ganha mais força e se confronta com o status quo.

  Esse rebuliço extremo, que parte do seio do povo e abala as estruturas da Igreja Católica, tem suas tantas influências na forma como os movimentos sociais se encorparam na América Latina. É das CEBs que nasce o ímpeto comunitário de pensar um sem-número de sindicatos rurais, associações, cooperativas, etc. É das CEBs que sai a mística e a força dos mártires, líderes assassinados pela ganância dos poderosos (latifundiários, políticos corruptos), dentre os quais podemos situar Chico Mendes, Ir. Dorothy Stang, Margarida Alves e, bem mais perto de nós, o coreauense Benedito Tonho, infelizmente por muitos desconhecido e praticamente apagado dos registros históricos coreauenses (uma vez que a história coreauense que é lembrada, como não só aqui, é a dos grandes, das elites palmenses).

  A mística crítica das CEBs ancora direta ou indiretamente muitos das organizações sociais com fins populares de nossa região. Os STRs (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais) em muito devem à Igreja-Comunidade. O PT (Partido dos Trabalhadores), em vários municípios, tem suas primeiras discussões propostas por pessoas das CEBs. Várias ONGs (Organizações Não Governamentais) hoje com atuação e renome, cultivando alternativas de convivência com o Semiárido e fortalecimento da organização produtiva local, também sofrem influência da movimentação que as CEBs estimularam. Não podemos renegar – ao tentar pensar projetos coletivos e analisar a história dos movimentos sociais em nossa região, e também propor novos passos a se dar – toda a contribuição que o povo organizado nas comunidades deu e dá.

  As CEBs são história, entretanto, também são presente. Aos ditos esquerdistas, embebidos nos modismos 'revolucionários', peço que deem uma olhada no que embasa tudo aquilo que hoje existe em termos de organização popular e contribuíram em muito para o alto grau de conquistas sociais que temos, e lá estará como uma das forças principais as CEBs."

  (Benedito Gomes Rodrigues)

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Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!