"A igreja agora aparenta
estar mais cheia e os fiéis mais entusiásticos. A mudança, de fato, vem
significando renovação! Louvável atitude esta
do bispo de estabelecer um tempo limite para o serviço dos sacerdotes enquanto
párocos nas cidades (seis anos, com possibilidade de se estender mais seis,
completando o teto de doze), pois se fosse deixar à vontade, haveria aqueles
que tomariam as paróquias para si, fazendo delas suas propriedades
particulares. Em Coreaú era este o caminho que se trilhava, remorsos à parte.
Estava eu presente na
assembleia paroquial deste ano, a primeira de Lucione como pároco local. Lá pude
ver a abertura que ele propôs para que a Igreja pense com o povo sua situação
social e nela possa investir. Mas pude também perceber o quanto nossos agentes
de pastoral não estão habituados com tal ideia de Igreja atuante, de Libertação,
pelo menos a grande maioria.
Ser Igreja não é o
velho hábito dominical de lazer familiar e oração partilhada, exercício de
cânticos, ou lugar para o povo faceirar com as mais novas aquisições em roupas
– não menosprezando estes aspectos da cultura local, claro, só não podemos limitar
nossos horizontes a estas acepções. Há uma mensagem subjacente, aquela que o
nazareno nos mostra com seu exemplo terreno, e esta é a que deve nos causar
impacto e motivar o trabalho em prol da coletividade.
Retratava em texto
anterior, o citado por Fernando, a demonstração clara de Jesus de simplicidade
e entrega. Ouso dizer agora, arriscando-me às reprimendas dos crentes
fundamentalistas (não limitando a crentes os protestantes), que se o Jesus não
fosse filho de Deus, se sua divindade fosse somente fruto dos ímpetos humanos
no curso da História, ainda seria justo segui-lo.
Não preciso de
argumento de autoridade! Não necessitaria ser filho de Deus para sua mensagem
causar um impacto descomunal. A questão é de sentido, do significado prático
que este amor universal e ética implicada, ambos pregados por Cristo, significariam
se os crentes o seguissem, ao invés de pregar suas próprias salvações, como
cães adestrados, amansados pela recompensa em ossos, ostentosos pela 'santidade'.
Fico extremamente grato
pela parte que me cabe no texto de Fernando Machado Albuquerque. É bom saber
que minhas palavras, oriundas da angústia e inquietude, que por vezes me abate,
soltas à brisa, podem afetar alguém."
(Benedito Gomes
Rodrigues)
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