"Lembrava-me de uma canção,
já antiga, embora meu contato com ela seja relativamente recente, que diz assim,
num de seus trechos: 'A Juventude unida,
clamando noite e dia, com gritos de esperança e de paz...'. O nome de tal
criação artística/militante é Esperança
Jovem. Ainda muito em voga nos ajuntamentos das pastorais de juventude
católicas, remonta às organizações juvenis na ditadura e na redemocratização, e
todo aquele clima das grandes passeatas, com jovens animados, ávidos por
mudanças e com um grito de liberdade a se desentalar da garganta.
Diz noutro trecho, a
música: 'Estamos pelas praças e somos
milhões. Nos campos e favelas somos multidões. Unidos, procuramos o caminho.
Ninguém vai ser feliz se andar sozinho!'. Vejamos a riqueza destes versos,
o chamado claro à organização popular. Jovens, de origens humildes, indignados
com as injustiças de um sistema opressor, rebelam-se em marcham pela
libertação. Uma utopia militante. Uma mística questionadora.
Hoje, no Brasil – e em
nossa terrinha também há o que se apontar – ocorre um extermínio progressivo
dos jovens. O maior contingente de vítimas da violência é constituído de
jovens, e não quaisquer, mas, sobretudo, negros, empobrecidos, que moram na
periferia, em contato com a realidade do tráfico, da prostituição, das gangues,
das milícias... Jovens que se aglomeram nos shows, drogam-se, acidenta-se em
motos e em carros, envolvem-se em brigas sem sentido. Jovens que são tachados
como os causadores da desordem, delinquentes, alienados. No entanto, são mais
vítimas da desordem reinante e do desrespeito com os direitos do povo.
Em confronto às
realidades de extrema exclusão e alienação, os próprios jovens vêm procurando
se organizar no Brasil, através de representações em Conselhos de Juventude, em
pastorais, ONGs, coletivos dos mais diversos, grupos culturais, para tentar
contornar a situação, o que não é fácil. Várias são as conquistas, como o
problemático Pro Jovem, excelente ao ser pensado pela União, mas que encontra
deficiências ao se defrontar com a incompetência de prefeituras.
Ainda acredito na força
da juventude. Ainda acredito que a juventude pode acreditar na sua própria
força. Os passos são duros e as repressões insurgentes amedrontam, mas sem
organização e sem voz ativa, não há como pensar projetos sociais eficazes.
Ainda verei, enfim, um dia em nossa terrinha uma organização de jovens articulada,
mais formada e menos manipulada. Luzes de esperança a iluminar nossos caminhos,
na caminhada insistente por melhores dias existem, são jovens!
Aos que quiserem ouvir
a música citada acima, basta olhar aqui: http://www.4shared.com/mp3/PCp7v2uK/Z_Vicente_-_Esperana_Jovem.htm
(Benedito Gomes
Rodrigues)
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