Tranquila alvorada... A neblina do
inverno pincela sua segunda mão de orvalho, suave, nos verdes vivos da flora
campestre.
Flores amarelas, rosas e anis,
dançam, desabrochando, ao receber a carícia da brisa matutina e as primeiras colheradas
de luz.
Dedicados beija-flores, borboletas,
mariposas, abelhas, maribondos, besouros e mamangás revoam para traquinar no
gozo floral.
A passarada exulta ao ver irmão Sol,
anunciando o festejo dos confrades viventes. A sinfonia arranjada, politonal, dá-nos o “bom dia!”,
reanima e alucina.
Na turva água das lagoas e grotas,
piabas animadas debicam a lâmina do teto de seus universos aquáticos, a procura
de desavisados insetos caídos; ondulando riscos, desenhos geométricos em
tecido, entrecruzados.
As rãs e pererecas, através das
caixas ressonais de suas goelas, trazem a zoada ritmada, o balanceio, a
insistência, aos ouvidos do desavisado contemplador.
Neste teatro animado, onde todos
protagonizam, o moleque descalço se assenta numa barranca, pasmo, estupefato
com a complexidade do mundo que ele tenta entender.
O velho estilingue, brinquedo arma
que ele mesmo fez, é deixado cair aos tropeços, escorrega e se some. O menino
nem percebe.
(BENEDITO GOMES RODRIGUES)
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