sábado, 21 de abril de 2012

Numa Manhã Qualquer

Tranquila alvorada... A neblina do inverno pincela sua segunda mão de orvalho, suave, nos verdes vivos da flora campestre.

Flores amarelas, rosas e anis, dançam, desabrochando, ao receber a carícia da brisa matutina e as primeiras colheradas de luz.

Dedicados beija-flores, borboletas, mariposas, abelhas, maribondos, besouros e mamangás revoam para traquinar no gozo floral.

A passarada exulta ao ver irmão Sol, anunciando o festejo dos confrades viventes. A sinfonia  arranjada, politonal, dá-nos o “bom dia!”, reanima e alucina.

Na turva água das lagoas e grotas, piabas animadas debicam a lâmina do teto de seus universos aquáticos, a procura de desavisados insetos caídos; ondulando riscos, desenhos geométricos em tecido, entrecruzados.

As rãs e pererecas, através das caixas ressonais de suas goelas, trazem a zoada ritmada, o balanceio, a insistência, aos ouvidos do desavisado contemplador.

Neste teatro animado, onde todos protagonizam, o moleque descalço se assenta numa barranca, pasmo, estupefato com a complexidade do mundo que ele tenta entender.

O velho estilingue, brinquedo arma que ele mesmo fez, é deixado cair aos tropeços, escorrega e se some. O menino nem percebe.

  (BENEDITO GOMES RODRIGUES)

Nenhum comentário:

O TRANSPORTE QUE EXISTE. PROS OUTROS