terça-feira, 3 de julho de 2012

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE LUIZ GONZAGA

Por: Benevides Machado de Carvalho

Para o Brasil, donativo

Foi o advento do baião
Um musical aditivo
Com obras de Gonzagão

Mil novecentos e doze

Dia treze de dezembro
Em Exu, nasceu Gonzaga
Do cancioneiro foi membro

Infância desconfortável

Na lide cotidiana
Trabalhou de sol-a-sol
No corte da canarana

As raízes musicais

De Januário, herdou
Tornou-se bom sanfoneiro
Do baião, foi impulsor

Saindo de Pernambuco

O seu estado natal
Buscando em outras plagas
O progresso pessoal

Foi no Rio de Janeiro

Que encontrou sua trilha
Cantou nos altos e baixos
Onde aprendeu a cartilha

De Exu a Juazeiro

Rumou para Fortaleza
No 23 BC, corneteiro
Um soldado sem braveza

De Minas pra Mato Grosso

Incumbência militar
Deu baixa, pelo sobrosso
No Rio foi habitar

Uma sanfona comprou

Seu ego, satisfazendo
Zonas de mangues, tocou
Suas idéias, crescendo

Em programas de calouros

Seu momento fez surgir
Indumentárias em couros
Pra ouvintes da Tupi

Sua fama foi subindo

Das cidades ao sertão
Cantando, todos sorrindo
Dançando xote e baião

Fim de semana, lotadas

As planejadas festinhas
Fosse salão ou latadas
Enfeites de bandeirinhas

O chitão, festa esperada

No nordeste é tradição
São Pedro, data marcada
Na capital e sertão

E tudo então, faz lembrar

Os idos com emoção
Festas até o sol raiar
Cantadas por Gonzagão

Nosso forró pé-de-serra

Arrasta-pé verdadeiro
Gonzagão de nossa terra
Charmou o Brasil inteiro

Cantou seca e fartura

Bons invernos, festejou
Versejando com candura
E a São João, exaltou

Mazurca, xote e xaxado

Toada, marcha e baião
Valsa e bom rasqueado
Bosquejos de Gonzagão

Um hospital em Recife

Santa Joana, chamado
Acolheu nosso cherife
Forrozeiro afamado

O incansável cantador

Não suportou o agravo
Foi grande a sua dor
Nos deixou, o grande bravo

No dia dois de agosto

Do ano oitenta e nove
Seu físico no oposto
A morte, sim, o demove

Deixando vasta lacuna

O cancioneiro gigante
Gonzagão, nossa graúna
Da terra se fez distante

Tua sanfona, forte agita

Pelo sertão, ecoante
Nos bons forrós, faz visita
O belo baião triunfante

São tantas imitações

Querendo tocar baião
Não passam de pretensões
Jamais, a ti, chegarão

Nas mentes, enraizadas

O teu musical tem vaga
Das canções aqui deixadas
Parabéns, velho Gonzaga.


* Texto originalmente publicado no Jornal do Leitor, do O Povo

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