Será que estamos em guerra?
"(...) Não estamos em guerra, mas os pacientes que chegam ao Hospital Geral de Fortaleza estão sendo atendidos assim. Depois da avaliação médica constatada a necessidade de internação, o paciente é encaminhados para a unidade de Observação 2, apelidada pelos usuários de 'piscinão'.Ao adentrarmos nesse espaço, temos a sensação de que estamos numa guerra. Um grande salão com uma média de 100 pacientes dia, homens, mulheres, idosos graves, pacientes com problemas neurológicos, com infecções, dispostos lado a lado, em macas altas ou baixas. A distância entre as macas é de aproximadamente 50 cm. Nesse mesmo espaço, pacientes acamados são higienizados sem privacidade. Para quem pode se locomover, há dois banheiros, um masculino, outro feminino, cada um com um único chuveiro e dois sanitários sem portas internas para uso de pacientes e acompanhantes. Essas condições contrariam todas as normas estabelecidas como seguras desde o século XVIII, quando o hospital tornou-se um espaço terapêutico: separação de pacientes por patologias, não concentração de pacientes em grandes espaços. Cuidados básicos para reduzir as taxas de mortalidade e infecções hospitalares.
E ainda, pacientes que necessitam de pareceres de especialistas ou têm seus procedimentos cirúrgicos ou para diagnóstico, prescritos como urgentes, veem os mesmos adiados, sob o argumento de que chegaram pacientes mais graves. (...)."
Lúcia Conde de Oliveira
conde.lucia@gmail.com
Doutora em saúde coletiva e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no O Povo.
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