sexta-feira, 16 de novembro de 2012

REPÚBLICA. O POVO FICA FORA!

  "(...) Desta forma, o autor tenta apresentar um ambiente político que não era propício à participação popular, e que por isso resultou na utilização de outros canais de atuação por parte do povo. Portanto, de indiferente à política a população do Estado fluminense não tinha nada, o que ocorria é que faziam à sua maneira a forma de agir politicamente, de expressar a cidadania, às vezes através de modos que contradiziam o que se esperaria moralmente de uma atuação política de verdade. (...)
   A população não é alheia ao que acontece na capital federal, mas só participa de uma maneira não-formal, e isso é fruto, como nos mostra o José Murilo de Carvalho, da própria República, que não permitiu a formação de cidadãos pois além de limitar o eleitorado, eliminou também do Estado a obrigação de fornecer educação ao povo. Tais medidas evidenciam a instável relação entre o governo e a população (...).
  Percebe-se então que nunca um humilde trabalhador estaria inserido no ambiente político proposto por essa frágil República. (...)

   José Murilo de Carvalho conclui a inexistência de um povo bestializado aos acontecimentos políticos vigentes. Participações políticas formais nunca haveriam de existir, pois o próprio governo se encarregara de limitar tal ato através do voto restrito aos alfabetizados, além do uso de outros aparatos burocráticos. (...)." 

  Trechos de: CARVALHO, José Murilo de. “Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi”. São Paulo: Companhia da Letras, 1987.

 

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