“(...) Mourão, pau-a-pique, curral, boi de raça,
Fogueira estalando na marca dos ferros,
O laço certeiro, a derriba e os berros
Subindo ao abafo da preta fumaça.
Os goles no alpendre da boa cachaça,
Tropel de novilhos, voltando ao seu ar;
A fala arrastada dos velhos a dar
As mostras de quem quando moço gozou
Das mesmas delícias e o tempo passou
Mas canta e relembra na beira do mar.
Sovela, serrote, mourão e martelo,
Quadrão oitavado, galope e sextilha
Emprego na lavra da rima que é filha
Do verso esculpido, moldado a cutelo.
Navego a distância entre o feio e o belo
E nessa viagem procuro encontrar
Enfim o poema que sirva de par
Ao canto formoso da mãe-natureza,
Mas não alcançando tamanha beleza,
Consolo o meu verso na beira do mar.
(...).”
Luciano Maia, em "Galope à beira-mar"
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