MENINA DO MANGUE
Corre menina, na areia da praia,
Descalça, risonha, saltando os corais;
Co'o vento varrendo a tez bem corada,
As madeixas exalam fragrâncias florais.
Ao longe a jangada, exausta, chegando,
Depois do embate em cruéis temporais.
Alheia, a menina aperta o seu passo,
Na tarde vazia indo ao porto sem cais.
O mundo não espia o andar da menina,
Sequer se apieda dessa filha sem pais;
Que segue, faceira, seguindo a sua sina;
De cuja morada são frios manguezais.
Menina do mangue, sedenta de vida,
De brilho nos olhos, de alguns ideais;
Que a terra jamais lhe negue guarida;
Não hei de algum dia ouvir os seus ais!
Eliton Meneses, membro da APL
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