4 de mar. de 2013

ROMANCE DE LITERATURA DE CORDEL "DONA LIVRAMENTO: A FILHA DO SOFRIMENTO" - PARTE FINAL

Depois de uma trégua boa
Bons momentos de ilusão
De prece e boataria
E de dor no coração
Já em uma casa nova
Começou a reconstrução!

Na casa velha deixara
Lembranças, eito, memória
Dos carnaubais o bom corte
Das farinhadas a glória
As redes tão bem trançadas
E a vida bem simplória!

Seu Tomaz, um diligente
Sempre bem cuidou de tudo
Era sempre o formiguinha
Com tristeza, sei, contudo
Mas, diante do bom Deus
Nunca se fez um miúdo!

Após tempo de bonança
De produção, calmaria
O destino do tal homem 
Ele agora chamaria
Tomaz arriou, doente
Coração velho gemia!

Durou dois dias somente
Sua dor tão desmedida
Mais uma vez Livramento
Ao transtorno voltaria
Ao ver que o marido bom
Para o além partiria!

"Sua dor doeu mais forte"
Como diz lá o cantor
A filha do sofrimento
Novamente desandou
Tropeçou nas próprias pernas
Por pouco não se acabou!

Seu Tomaz partiu depois
De quatro filhos se irem
De tanto seu coração
De rurícola ferirem
De tanto pranto e descrença
De sentimentos partirem!

Sepultado Seu Tomaz
O vazio se fez ver
Naquela casinha pobre
De um povo a merecer
Tanta tristeza conjunta
Todo mundo a perecer!

Uns dois anos se passaram 
De saudade e calmaria
Livramento se apegava
A Deus, à santa Maria
Pois queria compreender
Tanta dor, tão sem valia!

Mas sua sina era sofrer
Dor vinha de borbotão
Uma outra filha sua
Pelo marido de então
Foi traída em leito próprio
Sujeito sem criação!

Surgigada pelo crime
Do companheiro traíra
Filomena fez-se dor
Pra ela sempre mentira
Lhe jurando amor sem fim
Mas tudo subtraíra!

Nem respeito aos filhos teve
Embiricica de oito
A mulher do tal safado
Se planejou e em coito
Com um cabra bem mais novo
Maldito, sagaz, afoito,...

E mandou surrar Torquato
Seu marido traidor
Que, partido de cacete,
Se urinou todo em dor
Não resistindo aos ataques
No mato, ali, se findou!         
      

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