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5 de mai. de 2013
CARÊNCIA DE LEITURA, NO EDITORIAL DO DN
"Lamentável índice sobre hábitos culturais dos fortalezenses foi registrado em recente pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada entre habitantes de nove capitais brasileiras. O resultado de Fortaleza, em relação ao índice de leitura, foi o pior de todos: 73% dos entrevistados afirmaram não ter lido sequer um livro no período de 30 dias.
As cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre obtiveram o melhor desempenho do País, empatando em 41% no número de pessoas que leram pelo menos um exemplar ao longo de um mês, contra 27% de fortalezenses que fizeram idêntica declaração. Apesar dessa constrangedora classificação, registra-se certo progresso nesse sentido, no decorrer das últimas décadas. De modo geral, a média dos índices brasileiros também está bem abaixo do que seria desejável, ficando em torno de 33%.
No entender dos pesquisadores, a falta de leitura no Brasil é motivada, sobretudo, por falhas e omissões sensíveis nas políticas relacionadas ao tema, desde o planejamento à consumação na prática. Existe uma carência óbvia de bibliotecas e espaços de leitura, bem como de pessoas preparadas para incentivar o civilizado hábito de ler.
Os próprios professores, a quem caberia dar tal tipo de estímulo, não são chegados a livros fora dos estritamente necessários ao exercício básico da área de ensino. Sobrevive um aspecto no sistema educacional que se baseia ainda na imposição de um limitado número de livros, os quais são consumidos pelos alunos, ainda assim em decorrência de sanções punitivas e sem a discussão da importância e contextualização de seu conteúdo. O que deveria constituir um prazer, ou agradável descoberta intelectual, termina como o cansativo cumprimento de uma tarefa árida e sem motivação.
Por último, tem ocorrido aumento quanto à criação de bibliotecas comunitárias, mas essas instituições ainda ficam bem aquém dos requisitos elementares para seu adequado funcionamento, deixando a dever, inclusive, às bibliotecas públicas, em si mesmas já apresentadoras de flagrantes deficiências. Também é bastante citada a escassa valorização atribuída à profissão de bibliotecário, responsável pela gestão da informação e da prática funcional da leitura.
Segundo analisam educadores e estudiosos da literatura, a disseminação do hábito de ler deveria ser procedida de maneira menos pedagógica, como é feita maciçamente na atualidade. Mas, sim, de forma mais próxima da realidade cotidiana, como algo comum e natural, sem fetiches elitistas e nem imposições de caráter obrigatório.
Recentemente, houve uma expansão na venda da literatura destinada a adolescentes, forçada pela transposição de inúmeras obras para o cinema. Mas críticos literários de grande renome, a exemplo de Harold Bloom, condenam a exploração desse filão, por considerá-lo literatura de baixo nível, além de ofensiva aos valores humanistas e indutora de uma fantasia perniciosa à consolidação do caráter e dos conhecimentos de um jovem.
A leitura, em princípio, deve fazer parte dos currículos escolares, mas nunca se restringir exclusivamente a eles. Na educação, é fundamental a observação e o registro dessa abrangência cultural, cuja presença se faz imprescindível em todos os segmentos da sociedade.
Os bons resultados advirão, sobretudo, da disponibilidade de bibliotecas bem equipadas, agentes culturais em constante atuação, mestres bem preparados e livros acessíveis a todas as camadas populacionais."
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