"(...) Não basta levar o PT ao banco dos réus; as eleições que se avizinham
condenam toda a estrutura partidária brasileira e o Ceará é, talvez, o
melhor motivo dessa condenação. As coisas continuando como estão teremos
uma eleição e, consequentemente, um próximo governo sem oposição.
Aproxima-se a eleição de um só para o governo de um só! Um regime
continua democrático não havendo oposição? Na realidade, na raiz desse
profundo mal-estar partidário devem ser questionados, pelo menos, três
institutos políticos: a nossa típica tradição política personalista de
votar na pessoa do candidato e não no partido, no presidencialismo de
coalizão, que obriga à maldita invenção da 'governabilidade', fonte de
descaracterização partidária, programática e de corrupção, e o horário
político obrigatório. Criado para neutralizar o poder econômico desigual
dos candidatos, hoje, esse horário instiga e justifica alianças e
coligações as mais disparatadas, em nome de um maior tempo no rádio e na
TV. Esses diversos institutos levam a um 'blefe partidário' e deixam a
sociedade civil representada de maneira truncada. Para uma autêntica
representação partidária, é preciso reinventar não somente o PT, mas a
estrutura partidária como um todo."
(André Haguette, sociólogo)
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