"O sertanejo chamava o trovão de o 'pai da coalhada'. Como tambores rolando pelas nuvens em precipitação; os faróis em suas carruagens de fogo, clareando em coriscos ríspidos o sertão esperançoso...
Aqueles trovões
eram temerários, porque as cidades e os sertões eram mais calados. E os únicos
motores que se ouviam eram os celestiais. Aquelas trovoadas ribombavam como os
Canhões de Navarone, como se o sertão estivesse em guerra permanente contra
Canudos. Ao primeiro ribombo tapavam-se as orelhas,
encolhia-se, dizia-se: -Valha-me, Deus! Procurava-se um canto mais resguardado
da casa. Quem estava no alpendre entrava e quem se via dentro de casa recolhia-se
à alcova, pedindo proteção à Santa Bárbara...
Mas no íntimo a presença de Thor (ver imagem) no sertão os deixava felizes, pois aquilo era esperança de um bom inverno. Afinal de contas, ‘o pai da coalhada’ não passava de um deus apenas barulhento. Em seguida viria o aguaceiro, e com este, o milho verde, a canjica, o bolo de milho, o mugunzá e os balanços no alpendre ao som dos guizos."
Mas no íntimo a presença de Thor (ver imagem) no sertão os deixava felizes, pois aquilo era esperança de um bom inverno. Afinal de contas, ‘o pai da coalhada’ não passava de um deus apenas barulhento. Em seguida viria o aguaceiro, e com este, o milho verde, a canjica, o bolo de milho, o mugunzá e os balanços no alpendre ao som dos guizos."
(Valdemir Pacheco)
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