quinta-feira, 17 de julho de 2014

A VIDA, DURA COMO ELA É!

  
 Foto do Facebook da professora

 "Ontem um aluno conversando comigo lamentava-se da vida dele que é muito difícil já que são muitas disciplinas na universidade, exigências e que algumas vezes não tem mesmo nem tempo pra se divertir ou conhecer o Brasil e que vida boa é a minha que tem título de doutorado e trabalha numa universidade federal. Que devo ter tido boa vida para chegar nesse ponto.
  Sorri enquanto passou na minha cabeça um longo filme de quem vem de uma condição social de baixíssimas expectativas sem nenhum exemplo familiar de formação universitária, nem de amor pelos livros.

  Infância com sistemáticos episódios de violência física e psicológica. Adolescência nada cor de rosa. Dormia na dispensa de alimentos da casa de uma parente. Eu tinha muito pouco: sem grana e com o mínimo que uma jovem precisa para construir um auto-conceito. Até mesmo um desodorante era raro. Aos 19 ser mãe, estudar e trabalhar me ensinou que o lugar ao sol só consegue quem vai a luta sem preguiça.... e que luta. Abri mão de festas, amigos, finais de semana. Restaurantes, roupas, sapatos, carro...nada disso eu e minhas filhas tínhamos acesso.
  Cuidar de casa, trabalhar na escola e estudar foi minha vida durante muuitos anos. O pouco lazer que tínhamos era proporcionado pelas professoras da faculdade sandra e Lindyr.
  Hoje, realmente estou onde um dia sonhei e sinceramente nunca achei que iria conseguir, porque preto e pobre ainda e treinado a acreditar que é incapaz, como eu acreditei. Não sou especial, mas penso que já me superei bastante, e sigo a cada dia consciente do meu ponto de partida e acreditando em continuar esse exercício de me melhorar, tendo a mim mesma como parâmetro."

  Profa. doutora Rebeca Alcântara Meijer, da Unilab

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