“Uma característica primeira da violência é a
sedução da ação. Se como diz Hannah ‘a violência é um ato mudo’, no geral, ela
ocasiona reações tão intensas e passionais quanto o
ato violento. ‘Je suis Charlie’ e ‘Je ne pais suis Charlie’, assumido nas redes
algumas vezes pelos mesmos sujeitos, evidencia a teia complexa das ocorrências
mescladas pelo sangue, pelo ódio e pelo terror. É um terreno tenso e cheio de
ardis. Há uma tendência de responsabilizar TODO o povo islâmico por uma ação
praticada por pessoas e grupos que integram esse povo e que acenam para mesmas
crenças. É mais fácil generalizar, mais simples recriar as recorrentes
polêmicas entre o bem e o mal. Fundamentalmente, sou contra qualquer expressão
da violência, de xenofobia e de arbítrio. Sou e não sou Charlie. E é aí que
reside a sutileza e a força da voz dos que lutam por um mundo mais fraterno,
justo e igualitário. Nesse campo a arma é a palavra, a munição é o profundo
respeito às diferenças. Toda solidariedade aos mortos no Charlie Hebdo, todo
respeito às crenças e diferenças entre nações, credos e etnias.”
Glória
Diógenes, profa. da UFC
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