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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
NO TEMPO DAS FARINHADAS
Imagem ilustrativa do Google
PRO PAINEL DA APL
A função corria solta. Todo mundo trabalhando. Uns traziam mandioca pra ruma. Iam buscar nos roçados, varzantes e capoeiras. Grandes rodas de ferro ou madeira faziam girar a pequena bobina, com pequenas serras, afixadas na horizontal, que faziam a mandioca ser esfarelada. Eram puxadas por homens novos e fortes, escolhidos a dedo. O prenseiro prensava a massa molhada, para fazê-la enxugar. Uma vez enxuto aquele bolo era levado ao forno, onde já estava o forneiro, experimentado profissional, que conhecia todo o procedimento de cozimento da farinha. Na parte debaixo da prensa ficava uma golda amarelada e consistente chamada manipueira. Ao redor da pilha de mandioca ficava o grupo de raspadores. Era a parte mais coletiva e mais animada da farinhada. A prosa ali era completa. Falava-se de tudo. A farinhada durava semanas e até meses. Às vezes, uma era seguida por outra, até toda circunvizinhança fazer a sua. Quem morava longe dormia ali mesmo, nos alpendrões improvisados, vendo a lua nasceu e subir no céu estrelado. Como nem todo proprietário de terra ou plantador de mandioca tinha sua casa de farinha, muitos eram obrigados a alugar uma. Tempos corudos, difíceis,... Era um tempo bom, de alta produção e fartura. Um tempo em que aquela parte da sociedade vivia longe dos governos, tinha inverno de fartura e vivia muito melhor!
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