11 de mar. de 2015

UMA AULA INDÍGENA!

   “Você pode achar que o PT é sinônimo de corrupção; você pode achar que a Dilma mente, é incompetente, etc; você pode achar que nunca o Brasil esteve tão mal, por causa da Dilma e do PT; você pode até achar que a culpa disso é minha, que votei nela; você pode achar que seus argumentos são irrefutáveis; você pode achar que quem discorda de você é burro, desinformado, cego ou comprado; Mas sua opinião não passa disto: uma opinião. E sua opinião só lhe dá direito de ser respeitado. E também lhe traz a obrigação de respeitar as demais. O que você não pode, e eu não admito, é achar que essa sua opinião (ainda que ela significasse fatos) lhe dá direito de agredir (física ou verbalmente) alguém. Tampouco sua simples opinião, por mais invencível que você se imagine, lhe dá direito de embargar a opinião da maioria. O mandato da Dilma não é direito só dela, do PT e da coligação eleita. É direito meu e de todos que a elegemos. Ou melhor, é direito de todo o povo, seja de quem votou nela, de quem não pode votar e de quem votou contra ela, incluindo você. Respeitar hoje esse direito significa garantir, no futuro, que sua própria opinião contra o governo ou um partido continue sendo ouvida e respeitada.
  Sim, ao propalar o ‘Fora, Dilma’ ou o catastrofismo barato, você está ajudando desestabilizar o ainda frágil regime democrático brasileiro, fazendo de você um irremediável golpista. Sim, golpista, como aqueles de 1964, porém sem a desculpa da desinformação, o que faz de você mais alienado (ou mais hipócrita ainda).
  Golpe é uma coisa muito fácil de fazer, mas de consequências muito difíceis de serem suportadas. Para destruir uma democracia e seus direitos fundamentais (por exemplo, seu direito à opinião, à saúde e à vida), é simples. Basta: (1) uma força que queira destituir a Presidência; (2) um conjunto de boatos e (3) uma desculpa esfarrapada. Em 1964 tínhamos: (1) uma elite fazendo passeata; (2) o receio de o Brasil ‘se tornar comunista’; (3) uma notícia de que o presidente estaria fora do território nacional (que foi tomada como verdade, sem sequer ser checada).
  Ora vejam só. O que temos para hoje? (1) vocês, que ‘odeiam’; (2) a tentativa de viralização do mesmo ódio, através de qualquer mensagem reencaminhada sem nenhum critério, sobre corrupção, invariavelmente sobre o PT; (3) Para consolidar o golpe, ainda falta a desculpa esfarrapada. Mas já surgiram algumas candidatas: ‘estelionato eleitoral’, ‘incompetência’, ‘fundo do poço’, capas da Veja e por aí vai...
  Querem odiar a Presidenta? Ok. Não questiono seus motivos, faz parte do jogo democrático. Querem se manifestar pacificamente, sem o objetivo de interferir em direitos de outras pessoas? Serei o primeiro a defender seu direito à manifestação. Mas no primeiro pedido de impeachment, ao menos tenham a consciência do golpismo que vocês representam. Vocês podem entender muito de corrupção, mas não fazem a MENOR ideia do que seja Democracia.”
  Por Sérgio Guarani Kaiowá

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