segunda-feira, 25 de maio de 2015

A IDEIA DE NORDESTE

 Fragmento da bela entrevista do professor ao O Povo (Páginas Azuis):



 “(...)
 Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes - Até os anos 1920, não existia essa noção (de Nordeste). Isso começa na seca de 1919, quando São Paulo estava montando, desde o início do século, a sua hegemonia sobre o resto do País. A maior cidade e o maior acervo cultural do Brasil era a Corte, o Rio de Janeiro. A partir de 1900, os paulistas criam um neobandeirantismo. Daí em diante, isso começa a se estruturar como ideologia. 
  A eles se juntou Gilberto (Freyre), que, por sua vaidade, inventa, em 1925, uns simpósios muito reacionários. Gilberto era um mentiroso emérito (risos), mas de um talento extraordinário e de uma cultura monumental, porque passou sua vida lendo (risos). Em 1925, Gilberto publica uma edição do centenário do Diário de Pernambuco, sobre o Nordeste, porque ele queria impor o predomínio de Pernambuco. Quer dizer, há uma construção ideológica e política dessas noções. Depois, os dispositivos dominantes estabeleceram o novo perfil e nos tornarmos nordestinados.

OP - Essa geração tinha uma missão, que era interpretar o Brasil. Qual é o papel do intelectual hoje?

Eduardo Diatahy - Todos eles, Caio Prado Jr., Sérgio Buarque, Gilberto Freyre – toda essa geração é herdeira do que o Capistrano de Abreu construiu. Foi Capistrano que deu as bases. Essa geração se abeberou disso para produzir suas interpretações... O Antonio Candido chamou a atenção: pela primeira vez, começa a surgir a consciência de que o nosso atraso não provinha de determinismo geográfico nem de clima tropical ou raça inferior. Surgia a consciência de que o nosso atraso era de nosso subdesenvolvimento. A geração de Capistrano, no Ceará dos anos 1872 -1875, pensou o Brasil. Todos seus grandes nomes tinham de 17 a 19 anos e fizeram uma revolução mental na Província e que se estendeu depois para a Corte (Rio). E o papel do intelectual hoje é o de sempre: interpretar a realidade e narrar sua experiência para se contrapor às forças do esquecimento. (...).”

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