sábado, 9 de maio de 2015

DO SERTÃO

SORDADE
Sordade do cheiro
Do verde do mato
Eu pinto um retrato
No meu coração
E uma sordade
Meu peito invade
Deixano a metade
Cortada no chão.
Sordade do gado


Nas brenha, nas mata
E eu lá na chapada
Riacho e lagedo
De menhã bem cedo
Das vaca tirava
A sua “leitada”
Bibia sem medo



Sordade dos pasro
E do seu cantá
Quiria vortá
Lá pro meu sertão
Num é mais assim não
Tem violênça
Ninguém mais pensa
Nem nele ou o irmão


Sordade dos açude
Chei que eu nadara
E logo eu chegava
Lá no baxi
E cum muito fri
Pro roçado eu curria
E as cabra ia
Cumigo pro ri
Sordade das festa
De apartação
Das preda de fogo
Que dava um clarão
De noite eu brincava
Cum uns primo meu
Que ia mais eu
Cá viola na mão
Sordade dos mio
Que nóis disbuiava
Do feijão que a vó
A nóis intregava
Na panela butava
Areia e pipoca
E vó lá na loca
Um preá caçava.


Antonio Marcos Bandeira, ator e poeta de Fortaleza

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