19 de mai. de 2015

NOBLAT E O DIA SEGUINTE

  "A violência que atenta contra a liberdade de expressão e de pensamento, direito que deve ser assegurado a todo ser humano, merece ser reprovada com veemência venha de onde vier. Esteja a serviço do que estiver. É uma pena que muitos enxerguem a liberdade de expressão como algo que só aos jornalistas interessa ou deve interessar. Se como jornalista sou proibido de divulgar o que pareça relevante, a sociedade perde tanto ou mais do que eu. Deixei passar o dia para tentar me manifestar com menos emoção sobre a hostilidade sofrida por meu filho Guga Noblat, sua mulher e minha neta de sete meses quando, ontem, em São Paulo, voltavam para casa. Eles moram atrás do MASP. No meio do caminho deles havia uma manifestação contra o PT e o governo Dilma. Alguns manifestantes reconheceram Guga da época em que ele foi repórter do CQC. Partiram para insultá-lo. Guga, infelizmente, está provando na pele o quanto dura e arriscada pode ser a vida de um jornalista. Ele mesmo, quando adolescente em Brasília, foi vítima de uma agressão que quase o deixou com parte do rosto paralisado. O Ministério da Justiça abriu inquérito e concluiu que a agressão tivera motivação política. Brasília era governada por Joaquim Roriz, e o jornal que eu dirigia, o Correio Braziliense, denunciava sem restrições os erros do governo. André, meu filho mais velho, havia sido agredido dois anos antes da agressão a Guga por estudantes ligados a Roriz e a outros líderes políticos da cidade. Fui obrigado a mandá-los viver no exterior enquanto o ódio continuasse aceso por aqui. Eu e Rebeca não criamos filhos para nós – mas para o mundo. Temos muito orgulho quando os vemos reagir com coragem e sensatez diante de dificuldades."
  Ricardo Noblat, colunista (O Globo)
  Via site Pragmatismo Político

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