Quando cheguei a Coreaú (sede), em 1979, tinha 15 anos. Fui trabalhar num pé-de-bodega do meu pai, na Rua de Baixo (Rabo da Gata). Todo amatutato. Com medo da cidade... maior. Medo até do vento. Nessa vida de pé-de-balcão passei um bom tempo, até me libertar e ir trabalhar na Loja O Vilar, com o primo do Belchior, Grijalba. Fui muito bem recepcionado pelo parça. Até merenda vinha da casa da zelosa Dona Deusa. Daí fui me soltando. Com pouco tempo já tinha uma namorada. Tempo de sofrimento. Como diria Rachel de Queiroz, o amor, às vezes, traz consigo a decepção, o sofrimento, a dor. Mas, fui indo. Uma cachacinha aqui, outra ali... Na nova vida conheci a igreja, alguns colegas e a banda da cidade. Passava um bom tempo olhando os músicos em sua caprichosa execução. Eu os olhava com admiração. Na minha cabeça novata os via tocando música do outro mundo. Cada dobrado, cada sei lá o que. E eu lá, olhando todos eles, compenetrados, absorvidos pela faina benfazeja... Devia ser muito difícil fazer aquilo tudo.
O tempo passava, me dava sono e eu ia pra casa. De madrugada, já acordava com meus admirados senhores tocando bonito, numa tal de alvorada. Aí eu ficava no fundo da fianga, ouvindo tudo. Curtindo tudo. Como era bom. Tempos de ouro, de uma vida sem custos, sem carestia, sem chatice... Deste canto do quase nada, minha singela homenagem a esses homens e a seu tempo. Meu tempo!
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