A SORDIDEZ HUMANA
“Ando refletindo sobre nossa capacidade para
o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a
vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável,
não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência
demente, não para a conciliação e a humanidade. (…). Que lado nosso é esse,
feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se
divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada
ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez
correndo para consolar falsamente o atingido? Desgostamos tanto do outro que
não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse
monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a
maioria de nós. (...). Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências.
A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem
domesticar isso.
Lya Luft
Lya Luft
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