16 de nov. de 2015

O PENSADOR E NÓS

  “França e Terror III
  A França é um modelo de civilização com dificuldades em encontrar uma crença coletiva e um fio condutor como no passado. O símbolo disto é o filme ‘Intocáveis’ (Intouchables) . Um francês rico e culto, mas tetraplégico, incapaz de se alimentar sozinho. Um africano cheio de energia, mas incapaz de saber o que é um ovo Fabergé. O africano é sinceridade e corpo; o francês é civilização e mente. O francês não pode dispensar o corpo do africano e seu trabalho, mas tem dificuldade em trabalhar a alteridade. Na visão otimista do filme, a junção dos dois é benéfica para ambos. Ataques como o ocorrido ao Charlie Hebdo e este recente, forçam a sociedade francesa a pensar seus valores. Sartre disse que a invenção do judeu deve muito ao discurso antissemita. Provavelmente, a invenção do radical é algo gestado na civilização do laicismo ocidental. O outro deve ajudar a definir o eu. Sinal do esgotamento: franceses não fazem mais filhos. Filhos são aposta no futuro e na crença de que sua sociedade deve viver. Abrir mão dos filhos é parte deste processo. Como já foi dito, demograficamente o futuro está nas mãos dos imigrantes. Como no poema de Kafávis, À Espera dos Bárbaros, os ataques podem dizer para os franceses quem eles são, no que acreditam, para onde desejam ir. A sociedade francesa não está conseguindo fazer o que os EUA fizeram com milhões de imigrantes: tornar o ‘sonho americano’ parte do imaginário de todos. O custo de identidade a partir dos bárbaros é a fila de cadáveres nas ruas de Paris porque, tragicamente, o fundamentalista também está construindo sua identidade a partir da França.”
LEANDRO KARNAL

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AV. BEIRA MAR NO ABANDONO

Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!